segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Como fazer Remédios com Ervas

Utensílios

Sirva-se de bules e caçarolas de vidro, esmalte ou aço inoxidável, de facas e espátulas de madeira ou inox, de peneiras de plástico ou nylon.
Um espremedor de uvas será bom para tinturas.
Elimine o alumínio, porque este elemento é muito bem absorvido pelas ervas.
Todos os utensílios têm de ser esterilizados – pelo menos durante 30 min – numa solução apropriada e muito diluída, do género da que se emprega nos biberões.
A esterilização é uma medida de higiene e evita que os remédios ganhem bolor.


Medir Remédios

Nunca exceda as quantidades de erva que a dosagem indica.
O numero de gotas por ml varia consoante o calibre da pipeta ( tamanho da sua extremidade), portanto verifique-o contando, se for preciso.
1 ml = 20 gotas
5 ml = 1 colher de chá
10 ml = 1 colher de sobremesa
20 ml = 1 colher de sopa
70 ml = 1 cálice de vinho do Porto
150 ml = 1 chávena de chá


Fazer Decoctos

Raízes, casca, raminhos e frutos precisam, habitualmente, dum tratamento mais energético do que folhas ou flores, até se lhes extrair os constituintes.
Um decocto exige que se faça ferver em lume brando essas partes mais duras.
Podem-se usar plantas frescas, ou secas, que se cortam ou partem em bocadinhos.
Os decoctos ingerem-se quentes ou frios.
Uma dose-padrão é a 3 a 4 porções diárias (500 ml).

1 Ferver a Erva – Meta 20 g de ervas secas, ou 40 de frescas numa caçarola.
Cubra-as com 750 ml de água fria e lave-as a ponto de ebulição.
Deixa-as ferver 20 a 30 minutos , até o liquido se reduzir cerca de um terço.

2 Coar e Guardar – Por um passador, deite o liquido para dentro dum jarro.
Transfira para uma chávena a quantidade necessária.
Tape o jarro e guarde-o no frigorifico, ou num sitio fresco, durante 48 horas – no máximo.
Dá 3 a 4 porções (500 ml).


Fazer Infusões

Trata-se da maneira mais simples de preparar as partes aéreas mais delicadas das plantas, principalmente folhas e flores.
Faz-se como se fosse um chá, usando uma erva ou várias, juntamente, e pode-se beber quente ou frio. A dose-padrão é de 3 a 4 porções (500 ml) por dia e tem de ser preparada quotidianamente.

1 Deitar a Erva – Deite uma colher de chá de ervas secas, ou duas de frescas, ou várias ervas misturadas, num passador para tisanas e coloque-o na chávena.
Encha esta com outra chávena de água acabada de ferver.

2 Infundir e Coar – Ponha a tampa da chávena e deixe infundir a erva 5 a 10 minutos, antes de retirar o passador. Acrescente-lhe uma colher de chá de mel como adoçante, se quiser, e beba imediatamente. Dá 1 dose.

Infundir no Bule – Escalde o bule e deite-lhe 20 g de ervas secas, ou 30 de frescas.
Acrescente-lhe 500 ml de água acabada de ferver, tape e deixe repousar 10 minutos.
Coe parte da infusão para uma chávena e adoce-o com mel, se quiser.


Fazer Tinturas

Obtêm-se impregnando a erva em álcool para que exerça uma acção mais forte do que as infusões ou decocotos.
As tinturas duram 2 anos – no máximo – se guardadas num sítio escuro e fresco.
O álcool ideal é a vodka de 35 a 40º , mas o rum disfarça o gosto das ervas mais amargas. Uma dose padrão é de 5 ml, díluidos em 25 ml de água, 2 a 3 vezes por dia.

1 Acrescentar Álcool – deite 200 g de ervas secas, ou 300 g de frescas, cortadas num jarro de vidro.
Acrescente-lhes 1 litro de álcool. Tape o jarro e rotule-o.
Agite-o 1 a 2 minutos e guarde-o em local fresco, 10 a 14 dias, agitando-o quotidianamente.

2 Extrair o Líquido – Monte o expremedor de uvas e ponha-lhe um saco de rede, bem preso.
Deite-lhe a mistura, esprema-a e apare o líquido do jarro.

3 Enfrascar e guardar – Feche lentamente o espremedor para extrair todo o líquido e deite fora o que restou da erva.
Com um funil, decante o líquido para frascos de vidro escuro. Tape-os com uma rolha de cortiça, ou uma tampa de rosca, rotule-os e guarde-os.

Fazer Unguentos

Os unguentos são feitos de óleos ou gorduras, aquecidos com ervas. Ao contrário das pomadas, não contêm água e formam uma camada independente á superficie da pele. Protegem-nos de feridas ou inflamações e concedem á zona afectada constituintes medicinais – como óleos essenciais. São úteis em problemas como as hemorróidas ou quando se precisa de hidratação – lábios gretados.
Podem-se fazer partindo de dezenas de bases, embora as mais simples sejam o gel de petróleo ou a cera de parafina branda.
Os óleos essenciais misturam-se mesmo antes de coar. Guarda-se o unguento em boiões de vidro escuro durante 3 meses – no máximo.
Aplicar um pouco, na área lesionada, 3 vezes por dia, é uma dose padrão.

1 Ferver e Coar – Derreta 500 g de gel de petróleo numa tigela de vidro, metida numa caçarola de água a ferver. Acrescente-lhes 60 g de ervas secas, ou 150 de frescas, picadinhas, e deixe fervilhar 15 minutos, sempre a mexer.

2 Espremer – Deite para dentro dum saco de pano fino, preso a um jarro. Deixe o líquido filtrar-se através de do saco e, com luvas de borracha, esprema do saco para o jarro o mais que puder do unguento.

3 Deitar e Guardar – Rapidamente, deite o unguento derretido em frascos esterilizados, antes que solidifique o jarro. Ponha as tampas nos frascos, sem apertar. Quando arrefecer, aperte então as tampas, rotule e guarde.

Fazer Emplastros

Um emplastro é uma mistura de ervas frescas, secas ou pulverizadas que se aplica a uma área afectada. Leva muito pouco tempo a preparar um emplastro e serve para acalmar as dores nervosas ou musculares, de entorses ou de fr acturas, bem como para drenar furúnculos.
“Ulmeiro-vermelho” pulverizado, misturado com tintura de maravilha, ou mirra, dá um óptimo emplastro para furúnculos.

1 Ferver a água – Ferva 2 minutos uma porção de erva que cubra a área afectada. Esprema-lhe o líquido a mais, esfregue um óleo na zona em causa, para evitar que a erva se pegue, e aplique-a aí, enquanto quente.

2 Segure o Emplastro – Prenda bem a erva no seu lugar, com liagaduras de gaze, ou alfinetes-de-ama. Deixe actuar 3 horas e ponha um novo emplastro de 2 em 2 ou 3 em 3 horas – conforme for preciso.


Fazer Pomadas

Trata-se de um processo em que se combina óleo e gordura, e água, numa emulsão.
Mas, se se acelerar o processo, os ingredientes são capazes de se separar. Ao contrário dos unguentos, as pomadas penetram e têm a vantagem de serem refrescantes e calmantes permitindo, contudo, que a pele respire e transpire naturalmante. No entanto, as pomadas podem-se deteriorar depressa e é melhor guardá-las em boiões estanques e escuros, no frigorífico – duram 3 meses.
Pode-se adiccionar a uma pomada pequenas quantidades de outros ingredientes – tinturas, pós, óleos essenciais – antes ou depois de a meter em boiões. È possivel fazer pomadas com infusões, tinturas ou óleos infundidos.
A maneira comum de as usar é esfregarum pouco na área afectada – 2 a 3 vezes por dia.

1 Ferver Cera e Ervas – Derreta 150 g de cera emulsionante numa tigela de vidro, metida numa caçarola de água a ferver. Acrescente-lhe 70 g de glicerina, 80 ml de água e 30 g de ervas secas ou 75 g de frescas. Vá mexendo e deixe ferver durante 3 horas.

2 Coar e Mexer – Passe a mistura por um espremedor de uvas, ou um saco de pano fino, para filtrar. Mexa-a lentamente, sem parar, até arrefecer e a pomada estabilizar.

3 Enfrascar e Guardar – Com uma faquinha – ou espátula – de metal, meta a pomada em boiões de vidro escuro. Aperte as tampas bem e rotule. Guarde a pomada no frigorífico logo que puder – dura 3 meses.


Fazer Compressas e Loções
As loções sao preparados de ervas com uma base de água – como infusões, os decoctos ou as tinturas diluídas – que usam para banhar pele irritada. As compressas são panos ensopados numa loção e seguros contra a pele. Podem-se guardar loções no frigorífico 2 dias – no máximo -, em frascos esterilizados e tapados.
Prepare outra compressa assim que a anterior arrefecer ou secar na epiderme.

1 Impregnar Compressas – Prepare 500 ml de uma infusão, ou decocto, ou dilua 25 ml de água, para fazer uma loção.
Lave as mãos e ensope na loção um pano macio ou de flanela – limpos, é claro. Torça o pano.

2 Aplicar Compressas – Esfregue a área afectada com o óleo, para evitar que a compressa se agarre, e depois coloque-a aí. Se houver dores e inchaço, enrole a compressa com película e deixe-a por 1 a 2 horas.


Fazer Xaropes
Como conservantes, o mel e o açucar amarelo são eficazes e susceptíveis de se combinar com infusões ou decoctos para obter xaropes e cordiais, mas estes também se podem obter da tintura – 1 parte para 3 de xarope. Ou, então, acrescentam-se pequenas porções de t intura a um xarope frio, para lhe aumentar a eficácia. Os xaropes têm a vantagem adicional duma acção apaziguante e, por conseguinte, são um veículo perfeito nas misturas para tosses e gasrgantas irritadas. Com o seu gosto doce, os xaropes disfarçam o das ervas desagradáveis ao palato e as crianças apreciam-nos grandemente.
Guarde-os num sítio fresco e escuro – 6 meses, no máximo. A dose-padrão é 5 a 10 ml, 3 vezes por dia.

1 Preparar uma Infusão – Faça uma de 500 ml – ou decocto – aquecido durante o máximo de tempo para incrementar a acção da erva. As infusões precisam de fervilhar 15 min e os dococtos 30.

2 Acrescentar Mel e Calor – Deite o produto numa caçarola, ponha-lhe 500 g de mel ou açucar amarelo, mexendo e aquecendo devagarinho até o adoçante se derreter e a mistura ficar xaroposa. Tire do lume e deixe arrefecer.

3 Enfrascar e Rotular – Com um funil, deite o xarope frio em frascos esterilizados e guarde-os em sítio fresco e escuro.
Tape-os com uma rolha de cortiça : os xaropes têm propensão para fermentar e explodir, se tiverem tampas de enroscar.

Fazer Óleos Infundidos a Quente
Infundir uma erva em óleo permite extrair-lhes os ingredientes gordos e solúveis. para os óleos infundidos a quente as ervas levam uma fervura e podem-se conservar 1 ano – embora sejam mais potentes quando utilizados logo.
Tantos os óleos infundidos a quente como a frio são usados para massagem, ou acescentados a pomadas e unguentos, pode-se acrescentar um óleo essencial a um óleo infundido, antes de o enfrascar, para lhe aumentara eficiência. Muitas ervas dão bons óleos infundidos a quente, principalmente as que servem para temperar – pimenta, gengibre, caiena. Esses óleos esfregam-se na pele para aliviar dores reumáticas e artríticas, melhorar a circulação sanguínea e relaxar os músculos.
Os óleos de ervas folhosas, como a consolda, aceleram a cura das feridas.

1 Ferver Ervas em Òleos – Misture 250 g de ervas secas, ou 500 g de frescas, picadas, 750 ml de azeite, ou óleo de girassol, numa tigela de vidro, metida numa caçarola de água a ferver. Tape e deixe fervilhar durante 2 a 3 horas.

2 Coar o Òleo – Quando a mistura esfriar, deite-a num espremedor de uvas, onde montou um saco de rede. Apare o òleo num jarro, extraindo-lhe todo o líquido.

3 Engarrafar e Guardar – Com um funil deite o óleo infundindo em frascos limpos, de vidro escuro. Tape-os com rolhas de cortiça, ou tamoas de enroscar, e rotule-os.
Duram 1 ano, mas obtêm-se melhores resultados se só utilizados nos primeiros 6 meses.

Fazer Óleos a Frio
Usam-se como os anteriores. A infusão a frio é o melhor método para plantas frescas, principalmente se se tratar das partes aéreas mais delicadas, como as flores.
O azeite é particularmente bom para este método, visto ser raro rançar. estes óleos guardam-se durante 1 ano, embora se obtenha melhores resultados se se utlizarem nos primeiros 6 meses.

1 Infundir Ervas em Òleo – Deite 250 g de ervas secas, num jarro de vidro transparente. despeje-lhes por cima 750 ml de azeite, para cobrir, tape o jarro e agite-o bem. Coloque-o num local soalheiro, como um peitoril, e deixe-o por aí por 2 a 6 semanas.

2 Coar e Engarrafar – deite a misturanum saco de pano fino, preso á borda dum jarro, e deixe o óleo filtrar-se. esprema o resto do óleo, no fim.
Deite-o em frascos de vidro escuro, rotule-os e guarde-os.


Fonte: Plantas Medicinais de Andrew Chevalier

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