sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Equilibrando as energias

Final de ano é tempo de parar e refletir sobre o que estamos fazendo.
Na correria da vida contemporânea, cheia de horas marcadas, compromissos, atrasos e congestionamentos, quantas vezes paramos para pensar sobre nosso dia-a-dia e sobre nós mesmos? Sabemos que o sucesso é composto, primordialmente, de suor, de trabalho. Quando se traça uma meta, é preciso segui-la, sem desânimos ou mudanças de rumo. Em nome da excelência profissional, muitos abrem mão de bons relacionamentos na vida pessoal, com a ideia fixa de que seu caminho de sucesso é único, inquestionável e correto.

Mas, até que ponto devemos sacrificar o bem estar e a qualidade de vida em função dos objetivos profissionais? Por algum motivo, separamos nossas vidas em âmbitos, setores independentes entre si, e não percebemos que o que afeta uma das partes, acaba por influenciar as outras também. Nossas vidas afetiva, social, profissional e espiritual estão conectadas, e ao sacrificar uma ou várias delas, prejudicamos o todo.

Ao traçar um caminho e tornar-se cego para o que se passa ao redor, agir inconscientemente repetindo as mesmas ações, ou seja, ao entrar no famoso "piloto automático", realizamos as mesmas sinapses e exploramos os mesmos espaços de sempre do nosso cérebro, reduzindo nossa capacidade mental de raciocínios e reações. Logo, nosso desempenho torna-se previsível e de baixa qualidade, comparado ao que poderíamos alcançar se explorássemos de forma correta nossas competências.

O estresse, na atualidade, é o estado de espírito mais atribuído aos que enfrentam as dificuldades das grandes cidades. Estudos e pesquisas sobre os efeitos e consequências de tal emoção são publicados em larga escala. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o estresse, em suas mais variadas formas, atinge cerca de 90% da população do planeta e está associado ao desenvolvimento de uma série de doenças, tais como câncer, hipertensão, depressão e diabetes.

Não existe uma fórmula mágica que nos faça evitar ou ignorar situações estressantes. A diferença real está em como você encara tais circunstâncias, como lida com a atual conjuntura da civilização. Se o seu "piloto automático" está programado para, antes de sair de casa, já realizar mentalmente o trânsito e os congestionamentos que enfrentará, seu corpo libera, horas antes do verdadeiro engarrafamento, toda a adrenalina e o cortisol que, em excesso, produzem uma série de efeitos maléficos ao nosso corpo.

A longo prazo, todos os prejuízos que poderiam ter sido evitados acabam resultando em maus resultados na carreira, relacionamentos conturbados e até mesmo graves doenças. Ou seja, somos obrigados a dar um basta em tudo, em paralisar os planejamentos e nos afastar daquilo em que despejávamos todos nossos esforços e expectativas. O que muitos não enxergam é que essa interrupção poderia ter sido evitada, com um pouco de paciência, empenho e reflexão.

A vida é como uma grande balança, na qual os pesos e medidas devem se equilibrar, para que continuemos em pé e seguindo em frente. Somente nós mesmos podemos saber quais as medidas certas para que o equilíbrio predomine, através de reflexão e autoconhecimento. Embalados pela rotina idêntica dia após dia, não prestamos atenção em nossa balança, em nossa vida. E assim, uma hora ou outra, tombamos para algum dos lados. Por isso, não encare momentos de meditação e ponderação como perda de tempo. Refletir é um investimento em sua saúde, sua vida afetiva, profissional, e em você mesmo.

Texto de Eduardo Shinyashiki, escritor, palestrante, consultor organizacional e especialista em desenvolvimento das Competências de Liderança e Preparação de Equipes, autor dos livros "Viva como você quer viver" e "A Vida é um milagre", Editora Gente.

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