quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Banho de luz

Não é uma delícia a hora do banho?
Quando a gente tem tempo é claro!
Mas um banhinho quente ou frio é um dos momentos mais íntimos que podemos ter com a gente mesmo, né?

Quem nunca cantou debaixo do chuveiro?
E chorar de baixo do chuveiro, gente?
Não é literalmente uma lavagem de alma?
Chorar sem testemunhas, sem que ninguém veja as lágrimas...
Parece que o choro fica mais forte e a dor vai embora de vez...
É gostoso, né?

Claro que a idéia aqui não é ficar desperdiçando água à toa, mas mesmo durante um banho curto, a gente tem tempo pra pensar um pouquinho na vida.
No banho a gente faz planos.
Pensa no que vai falar, antes de uma conversa séria...
Organiza a cabeça depois de um dia cansativo...
Enfim, são minutinhos preciosos pra estarmos a sós com as nossas fantasias, nossos fantasmas...

Uma vez eu li numa revista científica uma matéria sobre percepção.
Tinha um trecho interessante, que dizia que tomar banho de olhos fechados fazia o tato e o olfato ficarem mais apurados.
Lá dizia que, de olhos fechados, a gente sente melhor o perfume do sabonete.
E que identificamos com mais clareza os limites do corpo.

Eu fiz isso pra testar.
E foi mesmo!
É curioso reconhecer o corpo da gente sem ver.
E naquele momento eu pude entender um pouquinho a realidade dos deficientes visuais.

Nesse banho eu tive a chance de pensar nas pessoas que são privadas de algum sentido.
Foi bom pensar nisso.
Aquele simples banho me deu a consciência da delícia que é a minha vida:
Sem privações, sem deficiências.
E que os meus problemas nem são tão graves assim, comparados aos de muita gente.
E eu me senti muito feliz por tudo o que eu tenho e por tudo o que eu ainda posso planejar enquanto tomo um banho.
Aquele foi mesmo um banho de luz, que eu acho que todo mundo deveria tomar de vez em quando.
Uma chuveirada pode acordar a gente pra muitas coisas importantes.
Uma delas é agradecer por tudo o que a vida nos dá de bom.
Todos os dias.

Sem comentários: