quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Afinidade

Não é o mais brilhante,
Mas é o mais sutil,
Delicado e penetrante dos sentimentos.
Não importa o tempo, a ausência,
Os adiantamentos, a distância, as impossibilidades.
Quando há afinidade,
Qualquer reencontro retoma a relação,
O diálogo, a conversa,
O afeto, no exato ponto
De onde foi interrompido.

Afinidade é não haver
Tempo mediante a vida.
É a vitória do adivinhado sobre o real,
Do subjetivo sobre o objetivo,
Do permanente sobre o passageiro,
Do básico sobre o superficial.

Ter afinidade é muito raro,
Mas quando ela existe,
Não precisa de códigos
Verbais para se manifestar.
Ela existia antes do conhecimento,
Irradia durante e permanece depois que as
Pessoas deixam de estar juntas.

Afinidade é ficar longe,
Pensando parecido a
Respeito dos mesmos fatos que
Impressionam, comovem, sensibilizam.

Afinidade é receber o que vem
De dentro com uma aceitação
Anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com...
Nem sentir contra, sem sentir para...
Sentir com e não ter necessidade de
Explicação do que está sentindo.
É olhar e perceber.

Afinidade é um sentimento singular,
Discreto e independente.
Pode existir a quilômetros de distância,
Mas é adivinhado na maneira de falar,
De escrever,
De andar,
De respirar...

Afinidade é retomar a relação
No tempo em que parou.
Porque ele (tempo) e
Ela (separação) nunca existiu.
Foi apenas a oportunidade dada (tirada)
Pelo tempo para que a maturação
Pudesse ocorrer e que cada
Pessoa pudesse ser cada vez mais.

(Artur da Távola)

Sem comentários: