quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Separação - Enfrentando a solidão


Quando passamos por um momento de perda pelo fato de ter havido uma separação, o mais indicado para uma recuperação é a consciência do que ocorreu e do que está sentindo.

É um momento
marcado por muita confusão, dúvidas,
com a única certeza do desejo de querer paz e ser valorizada por tudo aquilo que se tem de melhor. Conseguir examinar a relação passada com objetividade, serenidade não é uma tarefa simples, principalmente para quem não está


acostumada a refletir e analisar suas próprias emoções e sentimentos.

Mas é o caminho que poderá aumentar a consciência de si, dos próprios limites e evitar buscar culpados, como algumas pessoas tendem ao final de um relacionamento, sem jamais chegar de fato
às causas dos problemas que aos poucos foram se instalando.

É preciso analisar com o maior distanciamento possível a relação passada e avaliar os fatores que influenciaram essa decisão. Compreender o passado, tudo que ocorreu. Lembrar de fatos e o
que levou cada um a tomar as atitudes que foram tomadas e analisar, principalmente, em que ponto seu próprio crescimento
foi interrompido.

“Avaliar o que realmente aconteceu na relação que não deu certo. A única maneira de ter outra mais equilibrada”.

Algumas pessoas se separam com
muita certeza do que querem. Mas, outras, no entanto, fazem por pura impulsividade, num momento de
nervoso, e muitas vezes apenas com
o intuito de fazer o outro levar um
susto, sem pensar muito em como
irão se sentir com essa decisão.
Quando percebem já estão
separadas e com muita dor.


Umas das características da separação é deparar-se com a solidão. Ainda que existam filhos, há a solidão de estar sozinha com os próprios sentimentos, medos e tudo mais que a separação provoca. Esse é um dos motivos que podem fazer uma pessoa envolver-se com outra: o medo de ficar só.

O mais aconselhável é dar um tempo para si mesma, pois só estará efetivamente aberta para uma nova relação a dois quando for capaz de enfrentar a vida sozinha, a menos que já tenha a certeza de que a relação passada não deixou nenhum vestígio, o que raramente acontece.

Envolvendo-se muito rápido num novo relacionamento corre-se o risco de levar consigo todos os comportamentos negativos da relação passada. É como se a falta de vínculo criasse um vazio enorme, onde a vida parece sem sentido e nada vale a pena, sentindo que só voltará a viver se tiver outro relacionamento.

É quando muitas pessoas recorrem ao uso de álcool, drogas ou comida em excesso como uma fuga, ainda que muitas vezes inconsciente, de uma realidade dolorosa. Mas com certeza, não é negando nem fugindo do que se sente o melhor caminho para se livrar de toda a dor. Pois nessa fuga incessante de si mesma, não se permitindo refletir sobre seus sentimentos e sua realidade, irá adiar cada vez mais seu sofrimento.

O sentimento de solidão, na maioria das vezes, provoca muita angústia e traz um forte sentimento de auto-depreciação e insegurança, com pensamentos freqüentes de que nada vale, e que ninguém a ama. A característica da solidão ainda consiste em nunca ter prazer em ficar só consigo mesma. Como ficar com alguém que é tão má, constantemente abandonada? Por isso, tende a fugir desses sentimentos tão devastadores. Ao invés de eliminar a angústia, alimenta-a ainda mais.

É preciso ter consciência de que nada adianta manter esses pensamentos de si mesma. Com certeza eles não refletem a realidade. Nem se trancar em casa e se fechar, deixando que o desespero e as lágrimas tomem conta. Como, também,
não irá melhorar ficar sem comer, ou
comer em excesso, ou ocupar-se com a
vida de outras pessoas. Tudo isso só irá agravar esse momento tão delicado.
“Pode fugir de tudo, menos de si mesma e do que está sentindo”.

Essa fuga de nada adiante pelo simples fato de que se pode fugir de tudo, menos de si mesma e do que está sentindo. É claro que nem todas as pessoas se dão conta de que estão fugindo, pois justificam para si próprias a necessidade de agirem de tal forma.

É essencial se convencer de que ficar sozinha pode ter muitas qualidades importantes, como permitir a introspecção, a reflexão dos fatos e, principalmente, um maior encontro com seu verdadeiro eu. Viver sozinha não significa necessariamente sentir-se só. Afinal, quantas vezes não se sentiu sozinha mesmo quando estava com seu ex-companheiro? Ou com amigos e familiares?

Não confunda a solidão física com a emocional. Só se sente só quem abandona a si mesma. A solidão nasce dentro da própria pessoa quando ela perde o contato com seu eu interior ou quando procura fugir de um problema, sentimento ou pensamento que a incomoda.

Pense em quantas vezes você deixou de fazer algo porque seu ex não gostava ou por falta de tempo? No começo, essa disponibilidade de tempo pode assustar e fazer com que se sinta imobilizada. Mas, passado o período de adaptação, poderá descobrir inúmeras coisas que poderá fazer por si mesma.

Ao se separar irá ter muito mais tempo para fazer o que gosta e que nem se lembra mais. Por que não visitar uns amigos, ler aqueles livros que comprou e sequer os abriu, dedicar-se a um hobby, fazer um trabalho voluntário? São pequenas coisas que poderão aos poucos lhe trazer de novo o prazer de viver.

De fato, os momentos de saudade e tristeza pelas lembranças do passado são inevitáveis. Mas é importante vivê-los consciente de todo o aprendizado e dar ao passado o direito de existir, sem que para isso precise te destruir. Ninguém pode evitar a sensação de abandono e a falta de quem se foi em sua vida. Mas, também, ninguém pode te privar de que sinta uma força interior que aos poucos irá adquirir ao se permitir estar em paz consigo mesma.

Diante de tantos sofrimentos, ainda há para muitos a questão dos filhos. O que fazer, o que dizer, como explicar e enfrentar?

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