segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Gastrite: a vilã do estômago



Helicobacter pylori. Este é o nome da bactéria que causou dores, como soluços, perda de apetite, náuseas, sensação de estômago cheio e até vômitos na psicóloga Isabelle Prado, 28 anos

“Era uma sensação horrorosa. Cheguei a pensar que não passaria nunca. Até que eu mudei o meu hábito alimentar e procurei um especialista e as dores se tornaram raras”, conta a psicóloga.

Segundo o gastroenterologista Ademar Yamanaka, esta infecção pode contribuir para o desenvolvimento de doenças como gastrite, úlcera e câncer de estômago. É útil ter noções de como funciona o aparelho digestivo para entender como a infecção pode ocorrer.

“Quando o alimento é deglutido ele


passa pelo esôfago e entra no estômago. O ácido produzido pelo estômago ajuda no processo de triturar os alimentos. A parte mais estreita e inferior do estômago é chamado de antro. O antro contrai freqüentemente e vigorosamente empurrando o alimento para o intestino delgado. O duodeno é a primeira parte do intestino delgado, imediatamente após o estômago. O estômago é recoberto por uma camada de muco protetora contra o próprio ácido produzido pelo estômago”, explica o especialista.

“Para tratar corretamente os dissabores da gastrite, primeiro a pessoa precisa descobrir quem foi o “bandido” que os originou”

É de conhecimento que o álcool, a aspirina e drogas antiinflamatórias destroem esta camada protetora de muco. “Isto permite que o ácido danifique as células do estômago. O H. pylori é uma frágil bactéria cujo meio ambiente é no muco protetor do estômago. Os produtos decorrentes do metabolismo da bactéria, como enzimas por elas produzidas atacam as células do estômago. Como há uma infecção, o organismo procura defender-se movendo glóbulos brancos (células de defesa) para o estômago e o organismo produz anticorpos contra o H. pylori”, esclarece o médico.

A infecção do H. pylori geralmente ocorre quando o indivíduo ingere a bactéria pela alimentação, líquidos ou utensílios contaminados. “É uma das infecções mais comuns no mundo, superada apenas pela cárie dentária. A taxa de infecção aumenta com a idade, ocorrendo mais freqüentemente em pessoas de idade mais avançada. Também é comum em pessoas jovens em países em desenvolvimento como o Brasil onde as condições de saneamento básico são deficientes”, afirma Yamanaka.

Alimentação

Se a bactéria encontra um ambiente favorável - má alimentação e predisposição genética para doenças gástricas - ela pode se tornar mais perigosa. “A infecção se intensifica e destrói as membranas da mucosa, reduzindo a espessura de revestimento da parede estomacal”, explica o gastroenterologista.

Sem essa proteção, as substâncias ácidas (ácido clorídrico e pepsina) produzidas pelo estômago para ajudar no processo digestivo penetram na mucosa irritada e favorecem o aparecimento de lesões (as úlceras). “Estima-se que a H. pylori seja responsável direta por 70% a 85% dos casos de úlceras estomacais” diz Yamanaka.

Tratamentos

Para tratar corretamente os dissabores da gastrite, primeiro a pessoa precisa descobrir quem foi o “bandido” que os originou. “Se a culpa está na alimentação [repleto de comidas gordurosas e apimentadas], vale apelar para os antiácidos [quando sentir o mal-estar] e seguir uma dieta que exclua café , frutas cítricas, condimentos e refrigerantes”, aconselha o médico.

E se o problema for mesmo a bactéria Helicobacter pylori? Então não há como escapar dos antibióticos - sempre receitados por um especialista da área de gastrologia. “Caso o estopim seja mesmo a ansiedade [ou algum outro problema de fundo psicológico], nada melhor do que procurar o apoio de um psicoterapeuta. Até métodos alternativos - como a fitoterapia e a acupuntura - costumam dar resultado”, afirma Yamanaka.

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