segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Porque muitos idosos se sentem um peso para a família?

O envelhecimento é uma preocupação do homem em todos os tempos, rejeitado, na medida em que desperta sentimento negativo como exclusão, solidão, piedade, medo, constrangimento, dependência, ausência de beleza e virilidade. A imortalidade e a eterna juventude são sonhos associados à felicidade, ficando subentendido que o envelhecer é triste e infeliz.

O envelhecimento é um processo que vai acontecendo ao longo da vida adulta. É multi causal e multi fatorial, ou seja, são vários os fatores que interferem na forma como a pessoa vai envelhecer e vale lembrar que como se vive, se envelhece.

O processo de envelhecimento é singular, original, particular e diferenciado. É o mesmo indivíduo que tem reduzido suas potencialidades físicas, ou seja, não é mais capaz de realizar tarefas simples e corriqueiras com a mesma agilidade de antes.

O Brasil passa por importante mudança na sua pirâmide demográfica, com um progressivo e acelerado envelhecimento da população, que hoje representa 9,6% do total de brasileiros ou 17,7 milhões de pessoas idosas. O novo padrão demográfico brasileiro, é conseqüência de mudanças que aconteceram em um curto espaço de tempo: diminuição do número de nascimentos, da mortalidade e aumento da expectativa de vida.

Ao longo do processo de envelhecimento, as capacidades de adaptação do ser humano vão diminuindo, tornando-o cada vez mais sensível ao seu meio ambiente que, com restrições ao funcionamento do idoso, o que pode ser um obstáculo para a sua vida. O desconhecimento das características e peculiaridades inerentes à pessoa idosa aliados à mídia que ainda associa o velho ao feio, fortalece o distanciamento ou a convivência e cuidado inadequado por parte de familiares e trabalhadores da saúde.

Diante deste quadro, observa-se o despreparo do sistema de saúde público e privado, dos profissionais, das famílias, da sociedade e principalmente da própria pessoa, para viver e vivenciar o processo de envelhecimento. O envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade e também um dos nossos maiores desafios, pois causará um aumento das demandas sociais e econômicas.



A atenção à saúde de pessoas idosas exige conhecimento sobre as características que permeiam esta fase da vida humana, diferenciando o que é envelhecimento normal, ou senescência, do processo de senilidade onde há patologias instaladas. Conhecer as doenças crônicas típicas dessa etapa do ciclo de vida, as síndromes geriátricas, o contexto psicológico cognitivo, permitem à pessoa idosa, seus familiares e cuidadores, o enfrentamento da velhice com mais facilidade, desmistificando a associação do envelhecimento à perdas, tristeza, isolamento social e doenças. O Cuidador, seja ele familiar ou profissional, é fundamental na difícil tarefa de proporcionar um envelhecimento saudável com menor comprometimento funcional.

Zulmira Elisa Vono é enfermeira pela Universidade Federal de Minas Gerais, com larga experiência assistencial, docência, consultoria e assessoria em diferentes áreas da enfermagem e Gerontóloga pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. É autora do livro – Enfermagem Gerontológica: atenção à pessoa idosa, onde expõe o que é indispensável saber sobre as alterações naturais do processo de envelhecimento. Oferece subsídios para a promoção de saúde da pessoa idosa, através de conhecimentos necessários para acolher, acompanhar, apoiar e cuidar. Na presença ou ausência de limitações para as atividades da vida diária (AVD), pretende mobilizar habilidades, valores e atitudes sobre envelhecimento humano, identificando necessidades e expectativas desses indivíduos em relação a vários aspectos da sua vida cotidiana tais como: lazer, recreação, alimentação, higiene, respeitando sua individualidade e privacidade, incentivando sua autonomia e independência, para garantir qualidade de vida à população assistida, evitando internações, o distanciamento e isolamento do seu meio, além de diminuir custos.
Zulmira Vono é estudiosa do envelhecimento humano brasileiro e através de palestras, seminários, cursos e assessorias especializadas, tem sensibilizado e orientado profissionais, familiares, cuidadores e as próprias pessoas idosas, sobre a importância do conhecimento da gerontologia e a da profissionalização.

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