Os ventos de agosto trazem maus agouros, dizem.
Agosto, mês de maus presságios, em que devemos evitar casar, batizar, noivar, pois, segundo os que acreditam , este é um mês de pouca sorte.
Época em que tudo é meio cinzento, a natureza, castigada pela longa estiagem, exibe pastagens secas, queimadas ,naturais e aquelas do bicho homem. Um vento frio, noites cheias de estrelas, lua clara, propícias para mula sem cabeça, lobisomem, cachorro louco e outras assombrações que povoam nossos sonhos.
Hoje quando olhei pela janela, deparei com um escandaloso ipê amarelo todo florido, colorindo a paisagem e enchendo os olhos de uma cor de sol, de fogo, destoando completamente de tudo quanto agosto traz.
Um ipê, lindo, desfolhando-se aos ventos, que o balançavam de lá para cá, de cá para lá, tranqüilamente, sem se importar com tudo o que dizem do mês. Majestosamente num quintal, colorindo as telhas com suas flores que já se preparam para adubar a terra seca.
Notei o ipê e ao ir para casa, observei outros ipês, em meio as matas, salpicando de amarelo o verde desbotado das árvores, dando um colorido à natureza, que aguarda a chuva para se vestir de novo de um verde rico e farto.
Não tinha ainda me dado conta dos ipês, do agosto, e nem sequer me lembrava de que este mês é melhor ter cuidado... e comecei a pensar no ipê. Aquela beleza toda me intrigou ao mesmo tempo que fiquei fascinada.
De onde teriam surgido estes boatos sobre o mês de agosto? O que de tão grave e trágico teria acontecido para que se pudesse imputar a um mês como outro qualquer , uma reputação tão negativa? Como alguém pode atribuir a um tempo qualquer, a razão para fatos que podem acontecer a qualquer um, em qualquer lugar e a todo tempo?
Uma certeza então pude ter: quem foi tão fúnebre, tão negativo e tão pessimista com certeza foi cego também, pois não deve ter tido a oportunidade de ver os ipês que o agosto traz. Não pode abrir uma janela e se ver frente a frete com um ipê. Não deve ter corrido estradas, caminhado matas, e por isso deixou-se levar por uma tristeza ou um infortúnio qualquer para não perceber o amarelo ouro dos ipês que florescem apesar dos agostos da vida, apesar dos pesares.
E eles continuam, ano a ano, florindo, abrindo-se em beleza, alheios ao tempo dos ventos e dos meses, que correm, esperando novamente que eles, se vistam de ouro para coroar de beleza a natureza.
(Norma Maria de Andrade Luz)
1 comentário:
Fiquei feliz em ver meu texto publicado aqui. Só gostaria que você coocasse o nome correto dele, ok: "Os ipês de agotosto".
Obrigada pela ateção.
Enviar um comentário