segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Os ventos de agosto




Os ventos de agosto trazem maus agouros, dizem.
Agosto, mês de maus presságios, em que devemos evitar casar, batizar, noivar, pois, segundo os que acreditam , este é um mês de pouca sorte.
Época em que tudo é meio cinzento, a natureza, castigada pela longa estiagem, exibe pastagens secas, queimadas ,naturais e aquelas do bicho homem. Um vento frio, noites cheias de estrelas, lua clara, propícias para mula sem cabeça, lobisomem, cachorro louco e outras assombrações que povoam nossos sonhos.
Hoje quando olhei pela janela, deparei com um escandaloso ipê amarelo todo florido, colorindo a paisagem e enchendo os olhos de uma cor de sol, de fogo, destoando completamente de tudo quanto agosto traz.
Um ipê, lindo, desfolhando-se aos ventos, que o balançavam de lá para cá, de cá para lá, tranqüilamente, sem se importar com tudo o que dizem do mês. Majestosamente num quintal, colorindo as telhas com suas flores que já se preparam para adubar a terra seca.
Notei o ipê e ao ir para casa, observei outros ipês, em meio as matas, salpicando de amarelo o verde desbotado das árvores, dando um colorido à natureza, que aguarda a chuva para se vestir de novo de um verde rico e farto.
Não tinha ainda me dado conta dos ipês, do agosto, e nem sequer me lembrava de que este mês é melhor ter cuidado... e comecei a pensar no ipê. Aquela beleza toda me intrigou ao mesmo tempo que fiquei fascinada.
De onde teriam surgido estes boatos sobre o mês de agosto? O que de tão grave e trágico teria acontecido para que se pudesse imputar a um mês como outro qualquer , uma reputação tão negativa? Como alguém pode atribuir a um tempo qualquer, a razão para fatos que podem acontecer a qualquer um, em qualquer lugar e a todo tempo?
Uma certeza então pude ter: quem foi tão fúnebre, tão negativo e tão pessimista com certeza foi cego também, pois não deve ter tido a oportunidade de ver os ipês que o agosto traz. Não pode abrir uma janela e se ver frente a frete com um ipê. Não deve ter corrido estradas, caminhado matas, e por isso deixou-se levar por uma tristeza ou um infortúnio qualquer para não perceber o amarelo ouro dos ipês que florescem apesar dos agostos da vida, apesar dos pesares.
E eles continuam, ano a ano, florindo, abrindo-se em beleza, alheios ao tempo dos ventos e dos meses, que correm, esperando novamente que eles, se vistam de ouro para coroar de beleza a natureza.
(Norma Maria de Andrade Luz)

1 comentário:

Anónimo disse...

Fiquei feliz em ver meu texto publicado aqui. Só gostaria que você coocasse o nome correto dele, ok: "Os ipês de agotosto".
Obrigada pela ateção.