Se você é mulher sabe muito bem o que esta sigla pode representar. Acredita que os maridos, namorados e amigos deveriam ser mais compreensivos. Mesmo assim, quando você passa um dia um pouco mais nervosa e apreensiva que os outros os seus familiares e colegas já soltam aquela velha piadinha: "- Iiiiiii... você está naqueles dias é?". Se você fica ainda mais furiosa, respire fundo e comece a reparar. Você pode realmente estar sofrendo de tensão pré-menstrual.
Acredita-se que até 90 % das mulheres apresentam sintomas pré-menstruais, entretanto, apenas de 5% a 8% delas apresentarão sintomas intensos, capazes de interferir com sua qualidade de vida. Mas o que acontece em nosso organismo que pode causar estas alterações?
O Prof. Dr. George Dantas de Azevedo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte esclarece: "Durante cada ciclo menstrual, o organismo da mulher sofre importantes modificações nos níveis de seus hormônios sexuais, especialmente o estradiol (dito "hormônio feminino") e a progesterona. Tais modificações hormonais podem ser capazes de causar efeitos físicos e psicológicos que, para a maioria das mulheres, são experimentados de forma natural. No entanto, existem mulheres que apresentam sintomas importantes relacionados ao ciclo menstrual, especialmente na fase que antecede a menstruação, o que é chamado de síndrome pré-menstrual ou tensão pré-menstrual, quando predominam os sintomas psicológicos."
Algumas mulheres chegam a ter alterações severas de humor, verificando-se até que as taxas de suicídios e crimes envolvendo mulheres são mais freqüentes na fase pré-menstrual. Os sintomas podem ser incapacitantes a ponto de prejudicar o desempenho no trabalho, o estudo e demais atividades habituais. Nessa última situação, a síndrome pré-menstrual é responsável por importante impacto negativo do ponto de vista sócio-econômico, sendo a ela associada uma elevada taxa de ausência no emprego e na escola. Mas não vá usar isso como desculpa para tudo, ein? Se o que você deseja é compreensão não abuse usando cólicas para se justificar ou pode perder o crédito.
A causa destes sintomas ainda não é conhecida, isto porque está associada a muitos fatores: cultural, social, psicológico e etc. Alguns dos fatores fisiológicos mais importantes são as oscilações hormonais normais que ocorrem no corpo da mulher ao longo de seu ciclo menstrual, que podem proporcionar retenção de líquido e de sal no organismo. Deficiências vitamínicas (como B6) ou de ácidos graxos, (como o ácido linoléico) também podem estar relacionadas ao aparecimento dos sintomas, uma vez que, ao se fazer complementações, melhoras de quadro foram observadas.
Reconhecer a TPM não é muito difícil, os sinais são tanto físicos como psicológicos. A mulher apresenta dores de cabeça, inchaço, sensibilidade mamária, retenção de água, fraqueza e ganho de peso. Os sintomas psicológicos mais comuns são diminuição da libido, depressão, insônia, irritabilidade e dificuldade de concentração. O Dr, George, no entanto, alerta: "Como esses sintomas podem ocorrer em outras situações clínicas, é importante que o médico se preocupe em descartar a existência de algum outro problema associado, de forma que, nessa investigação, alguns exames podem ser necessários. É preciso, portanto, ter cuidado antes de se rotular a paciente como portadora de apenas tensão pré-menstrual."
O tratamento da TPM, geralmente cabe ao médico, mas pode ser feito conjuntamente com um psicólogo, assistente social e até mesmo terapeuta ocupacional. Em se tratando de remédios existem muitas opções: reposição de vitamina B6, magnésio e ácido gama-linoléico podem trazer melhora dos sintomas; além do uso de diuréticos, medicações hormonais e drogas antidepressivas. Medicações hormonais como a pílula e implantes podem ser utilizados tanto para regular a menstruação como para
interrompê-la.
Os implantes de hormônio são uma novidade nesta área, eles funcionam muito bem como contraceptivos, também podendo ser indicados no combate a estes desagradáveis sintomas de TPM. "É um produto com finalidade contraceptiva, constituído de uma substância com atividade progestagênica (semelhante a da progesterona), que é utilizado na forma de um implante subcutâneo inserido na região do braço. Esse implante promove a liberação da substância hormonal de forma contínua, por um período de até três anos, podendo ser retirado a qualquer momento, caso a paciente deseje retirá-lo ou apresente inconvenientes durante o uso." diz o Dr. George.
A maior vantagem da utilização dos implantes é, basicamente, a praticidade, uma vez que, depois de inserido, a paciente não precisará ficar tomando medicações regularmente. Como desvantagem principal poderíamos citar o custo, que ainda é excessivo para a maioria da população brasileira. Já sobre possíveis efeitos colaterais ou diminuição da libido os estudos ainda não são conclusivos por ser um produto novo. Em todo caso, o médico deve ser questionado sobre a adequação do tratamento ao caso da paciente. Cada caso é um caso e cada mulher é única.
Além de tratar o stress e equilibrar o funcionamento dos hormônios, são recomendados cuidados alimentares, especialmente redução da ingestão de sal (para diminuir a retenção de água), álcool, cafeína (chás, café, refrigerantes) e gorduras saturadas. Também recomenda-se que a paciente faça exercícios físicos (ginástica, dança, hidroginástica) e de relaxamento (Ioga).
"Aceita-se que uma dieta saudável e balanceada, associada a um programa regular de exercícios físicos poderia reduzir significativamente os sintomas pré-menstruais." afirma o Dr. Azevedo.
Terapias como acupuntura, aromaterapia, homeopatia e massagens também têm sido propostas para aliviar os sintomas físicos e psicológicos da síndrome pré-menstrual.
Sem comentários:
Enviar um comentário