quinta-feira, 10 de abril de 2008

Endometriose: A doença da mulher moderna




A endometriose ataca milhões de mulheres no mundo inteiro de maneira progressiva. “Endometriose é a presença de endométrio (tecido que reveste o útero) fora do seu local normal de



implantação. Ele pode se localizar em qualquer parte do abdômen, como na superfície do ovário, dentro do ovário e até no peritônio”, explica Cláudio Basbaum, ginecologista da Sociedade Brasileira de Endometriose.

A doença, que costuma atingir mulheres entre 15 e 35 anos (fase chamada de idade reprodutiva) e com menstruação regular, pode causar infertilidade quando chega a um estágio elevado. “Uma das teses sobre o seu aparecimento, que prevalece desde 1927, é a teoria do refluxo menstrual. Ou seja, fragmentos do endométrio que se destacaram, refluem por dentro das trompas de uma forma retrógrada, caindo dentro do abdômen e ali se implantando e desenvolvendo”, acrescenta o especialista.

Se o organismo não consegue eliminar este sangue armazenado, surge a endometriose. A partir dos anos 80, algumas pesquisas apontaram que ela pode aparecer devido a alterações do sistema imunológico. Essa parte do corpo é responsável pelo mecanismo de defesa do organismo e está diretamente ligada ao sistema nervoso central, responsável pelas emoções do indivíduo. Quando algumas sensações negativas chegam ao sistema nervoso central, como estresse, pânico, cansaço e preocupação, o imunológico diminui seu funcionamento e abre espaço para doenças físicas. Por isso, ela é considerada a “doença da mulher moderna”.

“O diagnóstico precoce em meninas adolescentes é a melhor forma de tratamento. Diante de dores consecutivas e fortes, a mulher deve procurar um médico”

Os sintomas aparecem durante o período menstrual e são fáceis de identificar: dores para evacuar e urinar, cólicas e dores nas relações sexuais. A falta de tratamento da doença pode levar à infertilidade. Já as causas ainda não são bem definidas.


O método mais eficaz para identificar o problema é a biópsia feita durante a videolaparoscopia, que consiste na introdução de instrumentos cirúrgicos através de pequenos orifícios do abdômen. A incisão é feita abaixo do umbigo e a presença de uma microcâmera possibilita reconhecer a doença, seu estudo anatomopatológico e o grau de estágio, que varia de mínima a severa. Segundo Cláudio Basbaum, esse é o melhor tratamento da endometriose, em qualquer estado que esteja. Além de diagnosticar, ele classifica e trata da melhor forma até mesmo as mais profundas, que se localizam nos órgãos da pelve.

“Todas as vezes que uma mulher for menstruar, esse tecido que está fora do seu local normal responde e se comporta como o endométrio normal durante a menstruação, ou seja, ele necrosa e sangra. Com isso, surge o quadro de dor pélvica, que alcança níveis de intensidade muitas vezes insuportáveis, mesmo com uso de medicamentos”, afirma o especialista.

Os tratamentos que têm capacidade de suspender a menstruação por tempo indeterminado são grandes coadjuvantes na prevenção do problema. “Pode ser feito o bloqueio menstrual com o uso da pílula anticoncepcional em caráter contínuo. Mesmo as que já têm a doença, podem ser adeptas a esse método, pois assim o endométrio não descama e não há refluxo. Os sintomas tendem a diminuir diante da pílula”, indica o ginecologista. Para as mulheres que apresentam o problema, é importante impedir seu avanço.

Até agora, não foi descoberta nenhuma cura definitiva para a endometriose. Porém, ela não pode levar à morte. “O diagnóstico precoce em meninas adolescentes é a melhor forma de tratamento. Diante de dores consecutivas e fortes, a mulher deve procurar um médico. Em casos mais sérios, além da infertilidade, a doença pode causar a destruição de órgãos pélvicos, como bexiga e intestino. Neste caso, o problema necessita de cirurgias extremamente complexas, cujos resultados são ainda incertos”, afirma Basbaum.

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