terça-feira, 15 de abril de 2008

Enxaqueca: Como acabar com este mal?



A cabeça pulsa, olhos fogem da claridade e perfumes provocam náuseas. Um simples toque do telefone mais parece uma sirene. É mais ou menos assim que se sente 12% da população mundial que sofre de enxaqueca.


A Sociedade Internacional de Cefaléia reconhece mais de 150 tipos de dor de cabeça - também conhecida como cefaléia. A enxaqueca, ou migrânea, é uma delas. Nesse caso, a dor costuma ser latejante e, em 60% das pessoas, localiza-se em apenas um dos lados do crânio. Muitas vezes, vem acompanhada por náuseas, vômitos e sensibilidade à luz, ruídos e cheiros fortes.

Esses são alguns dos sintomas que a universitária Carla Fernanda Siqueira sente pelo menos uma vez por mês. "A enxaqueca atinge de uma forma que chega a ser impossível levantar da cama.



Quero passar o dia toda deitada e, de preferência, no escuro, pois fico muito tonta e tudo me irrita", conta a estudante.

De acordo com a neurologista Célia de Paula Roesler, membro das Sociedades Brasileira e Internacional de Cefaléia e co-autora do livro Dor de cabeça - Um guia para entender as dores de cabeça e seus tratamentos, "a enxaqueca é uma disfunção química cerebral hereditária, caracterizada pela pouca produção das substâncias serotonina e endorfina [que atuam como calmantes do Sistema Nervoso Central] e pela liberação de muita noradrenalina [de ação estimulante]".

Mulheres
“Segundo Olzon, toda enxaqueca tem cura, desde que tratada de maneira correta”

Esse tipo de dor de cabeça atinge mais o sexo feminino que o masculino, uma vez que mulheres estão sujeitas a desequilíbrios hormonais capazes de interferir na química cerebral. "A relação é de três a quatro vítimas mulheres para cada homem", afirma o clínico Paulo Olzon Monteiro da Silva.


"A melhor explicação para essa diferença é o fato de a região cerebral que produz a dor de cabeça ser a mesma da menstruação. O cérebro do homem só fabrica testosterona, enquanto o das mulheres sofre duas modificações por mês. Durante uma fase produz estrógeno [estimulante do Sistema Nervoso Central] e, na outra, progesterona [calmante]. Essa mudança afeta o sistema límbico, que estimula a produção dos hormônios sexuais, podendo desencadear as crises de enxaqueca", prossegue Olzon.

Essas crises podem ser classificadas em três categorias: leves, moderadas e graves. Em geral, as leves são resolvidas com medidas simples, como uma boa noite de sono. Já as moderadas e graves exigem auxílio médico.

Segundo Olzon, toda enxaqueca tem cura, desde que tratada de maneira correta, e isso passa pelo uso de fármacos indicados por especialistas. "O tratamento evoluiu muito nos últimos anos, especialmente com a chegada dos triptanos, uma classe de remédios que age diretamente no mecanismo da doença. Antes, eram empregados analgésicos comuns para aliviar as dores", diz o médico.

A neurologista Célia Roesler explica que, em muitos casos, é preciso tomar medicação para o resto da vida. No entanto, com cuidados adequados, é possível ao menos diminuir as crises em freqüência, intensidade e duração, mesmo que não se chegue à cura. "Normalmente, os resultados começam a aparecer só a partir do segundo ou terceiro mês”, conclui a especialista.

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