quinta-feira, 18 de março de 2010

Saiba quais são os problemas ligados ao álcool e como se pode mudar os hábitos de consumo.

Como se define o consumo de álcool?

Perceba as diferenças entre o consumo e a dependência do álcool.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica os consumos de álcool em:

* Consumo de risco;
* Consumo nocivo;
* Dependência.

Consumo de risco - é um padrão de consumo que pode vir a implicar dano físico ou mental se esse consumo persistir.

Consumo nocivo - é um padrão de consumo que causa danos à saúde, quer físicos quer mentais. Todavia não satisfaz os critérios de dependência.

Dependência - é um padrão de consumo constituído por um conjunto de aspectos clínicos e comportamentais que podem desenvolver-se após repetido uso de álcool, desejo intenso de consumir bebidas alcoólicas, descontrolo sobre o seu uso, continuação dos consumos apesar das consequências, uma grande importância dada aos consumos em desfavor de outras actividades e obrigações, aumento da tolerância ao álcool (necessidade de quantidades crescentes da substância para atingir o efeito desejado ou uma diminuição acentuada do efeito com a utilização da mesma quantidade) e sintomas de privação quando o consumo é descontinuado.
Quais as consequências destes tipos de consumos?

O consumo de álcool contribui mais do que qualquer outro factor de risco para a ocorrência de acidentes domésticos, laborais e de condução, violência, abusos e negligência infantil, conflitos familiares, incapacidade prematura e morte. Relaciona-se com o surgimento e/ou desenvolvimento de numerosos problemas ou patologias agudas e crónicas de carácter físico, psicológico e social, constituindo, por isso, um importante problema de saúde pública.

Os hábitos de consumo diferem sensivelmente entre homens e mulheres, mas os homens consomem mais. No entanto, a idade de início do consumo é cada vez mais precoce e assiste-se ao aumento do consumo nos jovens e nas mulheres.

Muitos factores contribuem para o desenvolvimento dos problemas relacionados com o álcool como sejam o desconhecimento dos limites aceitáveis quando se consome e dos riscos associados ao consumo excessivo.

Um dos benefícios de ser feita a detecção precoce é o facto de os indivíduos que não são dependentes do álcool poderem parar ou reduzir os seus consumos de álcool com adequada intervenção, a qual deverá ser feita pelo seu médico assistente.
Verdade ou mentira?

O álcool não aquece – o álcool faz com que o sangue se desloque do interior do organismo para a superfície da pele, provocando sensação de calor. Mas este movimento do sangue provoca uma perda de calor interno, já que o sangue se encontra a uma temperatura que ronda os 37º e que é quase sempre superior à temperatura ambiente. Quando o sangue regressa ao coração há necessidade de o organismo despender energia no restabelecimento da sua temperatura.

O álcool não mata a sede – a sensação de sede significa necessidade de água no organismo. As bebidas alcoólicas não satisfazem esta falta, provocando, ainda, a perda através da urina, da água que existe no organismo, o que vai aumentar a carência de água, e, portanto a sede.

O álcool não dá força – o álcool tem um efeito estimulante e anestesiante, que disfarça o cansaço provocado pelo trabalho físico ou intelectual intenso, dando a ilusão de voltarem as forças. Mas depois o cansaço é a dobrar, porque o organismo vai gastar ainda mais energias para "queimar" o álcool no fígado.

O álcool não ajuda a digestão e não abre o apetite – o álcool faz com que os movimentos do estômago sejam muito mais rápidos e os alimentos passem precocemente para o intestino sem estarem devidamente digeridos, dando a sensação de estômago vazio. O resultado é a falta de apetite e o aparecimento de gastrites e de úlceras.

O álcool não é um alimento – o álcool não tem valor nutritivo porque produz calorias inúteis para os músculos e não serve para o funcionamento das células. Contrariamente aos verdadeiros alimentos, ele não ajuda na edificação, construção e reconstrução do organismo.

O álcool não é um medicamento – é exactamente o contrário porque provoca apenas excitação e anestesia passageiras que podem esconder, durante algum tempo, dores ou sensação de mal-estar, acabando por ter consequências ainda mais graves.

O álcool não facilita as relações sociais – o álcool em quantidades moderadas tem um efeito desinibidor que parece facilitar a convivência. Mas trata-se de uma ilusão, porque nem sempre é possível controlar os consumos nesse ponto e porque a relação com os outros se torna pouco profunda e artificial.
Será que bebo demais?

Para muitas pessoas, beber um copo de uma bebida alcoólica pode constituir um momento social em que os riscos desse consumo vão depender da quantidade e da frequência com que se bebe e de algumas condições individuais, nomeadamente, o seu estado de saúde.

Por outro lado, existem algumas situações, como a condução de veículos, em que o consumo de álcool pode ser muito perigoso para o próprio e para os outros.

O que é a unidade de bebida padrão?

Com a finalidade de quantificar o consumo de álcool foi criado o conceito de bebida padrão. Consiste numa forma simplificada de calcular a quantidade de álcool consumida, diária ou semanalmente.

Embora as bebidas alcoólicas tenham diferentes graduações, os copos habitualmente mais usados para as diferentes bebidas têm quantidade idêntica de álcool, o que corresponde a uma unidade bebida padrão com cerca de 10 a 12 gramas de álcool puro. Este facto permite fazer a quantificação por unidades de bebidas ingeridas, o que facilita os cálculos do total de bebidas consumidas diária ou semanalmente.

Em Portugal, a correspondência é aproximadamente a que se apresenta no quadro seguinte:

Cerveja Vinho Aperitivo Aguardente
Capacidade do copo 3 dl 1,65 dl 0,5 dl 0,5 dl
Conteúdo de álcool puro 12 g 12 a 13 g 10 a 12 g 14 a 16 g

Álcool e Problemas ligados ao álcool em Portugal.
Maria Lucilia Mercês de Mello et al.- DGS 2001

A OMS considera que não se devem fazer consumos que ultrapassem 20 gramas de álcool (2 unidades/dia) e de preferência estar pelo menos dois dias por semana sem beber qualquer bebida alcoólica.
Mas não deve beber rigorosamente nada:

* Se estiver grávida ou a amamentar;
* Se conduzir ou trabalhar com uma máquina;
* Se tomar medicamentos;
* Em situação de doença;
* Em situação de dependência alcoólica;
* Se tiver menos de 18 anos de idade.

As mulheres grávidas não devem ingerir bebidas alcoólicas porque o álcool será absorvido pelo organismo do bebé através do sistema circulatório, o que, na prática, significa que o bebé absorve o que a mãe bebe. Se a mulher grávida beber muito ou beber frequentemente, o bebé em gestação está permanentemente sob a influência do álcool. O mesmo acontece com as mulheres que amamentam.

Quais são as consequências da ingestão de álcool para o feto?

Os hábitos, o grau de dependência e a tolerância da mulher grávida face ao álcool são importantes para determinar os efeitos sobre o bebé.

As consequências podem ser muito graves, pois o álcool pode impedir o normal desenvolvimento do feto, quer retardando o seu crescimento, quer provocando lesões cerebrais e malformações físicas ou orgânicas.

Além disso, os bebés podem nascer com a Síndroma de Alcoólico Fetal (SAF), isto é, subdesenvolvidos e com peso abaixo do normal.

Em casos mais graves, nascem com malformações físicas e orgânicas, sofrem de perturbações do comportamento (hiperactividade, descoordenação motora, dificuldades de aprendizagem e de linguagem), desenvolvimento emocional retardado e atraso mental.

Estes sintomas podem ser ligeiros, mas também podem ser extremamente graves e prolongarem-se até à idade adulta, sobretudo no que respeita às doenças mentais e do comportamento.
Devo reduzir os meus consumos ou parar totalmente de beber?

Muitas pessoas que bebem demais devem reduzir, mas outras têm mesmo que deixar de beber.

É muito importante que deixe completamente de beber, se, por exemplo:

1. Tem tremores, geralmente de manhã;
2. Tem problemas de saúde, como doenças do fígado ou do coração;
3. Tem perdas de memória e não se recorda do que aconteceu num determinado período.

Caso detecte qualquer destas situações, deverá deixar de beber completamente. Se tiver dificuldade em fazê-lo, deverá procurar acompanhamento médico.

Um plano por etapas pode ajudar a modificar os seus hábitos de beber.

* Consulte: Modificar consumos alcoólicos

Como se afere a taxa de alcoolémia?

Pela medição da quantidade de álcool existente no sangue em determinado momento. A taxa de 0,5 gramas por litro de sangue (prevista no Código da Estrada) atinge-se com dois ou três copos de cerveja.

Note-se, porém, que há vários factores que influenciam a taxa de alcoolémia, pelo que a quantidade de álcool ingerida não tem o mesmo efeito em todas as pessoas. Ser mulher, ter baixo peso, estar doente ou fatigado e beber fora da refeição são factores que aumentam a taxa de alcoolémia.
Fonte: http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/estilos+de+vida/alcoolismo.htm

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