quarta-feira, 17 de março de 2010

Alimentos, fonte de juventude?

Fala-se cada vez mais em radicais livres e em antioxidantes e não é por acaso. Graças aos avanços científicos, conhece-se cada vez melhor o funcionamento do corpo humano.

E, numa sociedade em que o aumento da longevidade é uma realidade indesmentível, um dos segredos ultimamente desvendados vai precisamente ao encontro dos esforços para acrescentar vida aos anos: a descoberta de átomos instáveis capazes de danificar as células e produzir lesões que abrem caminho ao envelhecimento precoce e potenciam um vasto conjunto de patologias, das cardiovasculares às oncológicas.

São os radicais livres.
São gerados no organismo, enquanto parte dos processos metabólicos que sustentam a vida, em particular da respiração celular. O próprio oxigénio que respiramos pode revelar-se prejudicial: é que a maior parte é convertida em água, mas uma pequena quantidade (2 a 5 por cento) transforma-se em radicais livres. Nem todos são, no entanto, prejudiciais, estando envolvidos no combate às bactérias e vírus.

É quando produzidos em excesso que constituem uma ameaça para o organismo. É o meio ambiente que faz disparar a proporção de radicais livres: o fumo do tabaco, a poluição, as radiações (do sol e dos aparelhos de raios X), o álcool, alguns medicamentos, as gorduras alimentares.



À defesa com fruta e legumes

Estes agressores potenciam a instabilidade dos átomos, pondo em risco a saúde celular e até o próprio ADN, o código genético de cada um. É certo que o corpo humano possui um mecanismo de defesa, formado por substâncias, cuja missão é neutralizar os radicais livres e, assim, prevenir as lesões celulares.

São os antioxidantes.
Numa pessoa que tenha hábitos de vida saudáveis e que faça uma alimentação equilibrada - abundante em alimentos frescos como a fruta e os legumes e moderada em gorduras - é maior a probabilidade de estas defesas serem eficazes contra os radicais livres. Mas também é um facto que o corpo humano está sujeito a uma infinidade de ameaças ambientais que nem sempre são controláveis (é o caso da poluição), o que favorece o desenvolvimento dos átomos instáveis, gerando um desequilíbrio nocivo para a saúde.

É a alimentação que fornece os antioxidantes que o organismo utiliza. São eles sobretudo as vitaminas e os sais minerais, cada um com uma função e um benefício específicos: nas vitaminas as principais são a E e a C, mas também o betacaroteno (provitamina A), enquanto nos minerais se destacam o selénio e o zinco. Também o licopeno e os flavonóides protegem as células dos radicais livres.

O importante é que a alimentação contenha alimentos que forneçam todos estes antioxidantes, pois todos eles são necessários.

O máximo benefício obtém-se com a fruta e os legumes, pois são as principais fontes de antioxidantes. Daí que seja recomendada a sua inclusão a todas as refeições, devendo o consumo mínimo ser de cinco porções diárias - isto equivale a três peças de fruta e 200 gramas de legumes ou a 300 gramas de legumes e duas peças de fruta.

Quando a alimentação é deficiente nestes nutrientes podem ser tomados suplementos vitamínicos - mas nunca sem aconselhamento de um profissional de saúde. No entanto, apenas como complemento, já que os efeitos benéficos dos alimentos naturais são significativamente superiores.

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Um efeito protector

Diversos estudos têm relacionado, de uma forma conclusiva, os antioxidantes com a protecção contra doenças várias, das cardiovasculares às oncológicas, passando pelas cataratas, Parkinson e Alzheimer.

O papel da dieta no cancro é dos mais estudados, tudo indicando que determinados hábitos alimentares tendem a reduzir a incidência do cancro enquanto outros potenciam o risco.

Existe, nomeadamente, uma relação documentada entre o consumo de gorduras e a prevalência de tumores do cólon e da próstata. Pelo contrário, o risco de desenvolver uma doença oncológica parece diminuir perante uma dieta rica em fibras e vitaminas. O betacaroteno, que se converte em vitamina A, estimula a resistência do organismo face ao cancro, prevenindo as lesões do material genético que surgem antes das lesões cancerígenas propriamente ditas.

Quanto às doenças cardiovasculares, os estudos atribuem às vitaminas um papel protector na medida em que atacam a oxidação das partículas que circulam no sangue, reduzindo o risco de formação de obstruções nas artérias.

Há trabalhos científicos que relacionam positivamente os antioxidantes com a descida dos níveis do chamado "mau" colesterol, assim inibindo também a sua acumulação na parede das artérias. O betacaroteno terá um efeito semelhante por aumentar os níveis do "bom" colesterol. Mas é controverso o papel dos suplementos antioxidantes.

A investigação prossegue neste domínio novo do conhecimento, mas, apesar de não haver certezas absolutas, a Organização Mundial de Saúde não hesitou em recomendar o reforço da ingestão de fruta e legumes.

É que têm muitas vantagens: possuem níveis mínimos de gorduras e um elevado teor de fibras, ao mesmo tempo que conferem uma sensação de saciedade, o que leva a um menor consumo de alimentos gordos e ricos em açúcares. Além, é claro, das suas propriedades antioxidantes, o que faz deles bons aliados no prolongamento da juventude.



Um combate com electrões

Os radicais livres são átomos instáveis. Vejamos o que isso significa. Os átomos são a componente básica da matéria, sendo classicamente constituídos por um núcleo, em que se concentram, em igual número, partículas de carga positiva (os protões) e de carga neutra (os neutrões). Em torno desse centro gravitam os electrões, partículas de carga negativa.

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Geralmente, os electrões estão agrupados em pares, mas nos radicais livres há um ou mais soltos, o que os deixa instáveis. Na tentativa de equilibrarem o número de electrões, podem tentar capturar um electrão de um outro átomo, tornando esse em radical livre, e assim sucessivamente. Desencadeiam uma série de reacções que danificam as células à sua volta.

O organismo procura neutralizá-los por via dos antioxidantes, substâncias que oferecem um dos seus electrões aos radicais livres mas que não se tornam quimicamente instáveis. Porém, quando os antioxidantes são incapazes de anular a totalidade dos radicais livres, está aberto caminho ao envelhecimento precoce e a um vasto conjunto de patologias.



Fruta e legumes, mas não só

A fruta e os legumes são as principais fontes de antioxidantes, mas não as únicas.

Vejamos alguns exemplos em que nos alimentos se encontram estas armas no combate aos radicais livres:

• Betacaroteno - brócolos, agrião e demais vegetais de folha verde, cenoura, batata doce, abóbora;

• Vitamina C - laranja, kiwi, morango e frutos silvestres, brócolos, espinafres, manga, tomate, pimento, uvas;

• Vitamina E - óleo gérmen de trigo, amendoim, nozes, amêndoas, sementes e óleo de girassol, milho, brócolos, espinafres, óleo de soja, azeite;

• Licopeno - tomate, melancia, goiaba;

• Flavenóides - uvas, vinho tinto, chá, azeite e azeitonas;

• Selénio - cereais pouco refinados, frutos secos, atum, ovo;

• Zinco - ostras, cereais integrais, marisco, carne.


O importante é variar, não privilegiando uns alimentos em detrimento de outros: só assim se obtém o necessário equilíbrio nutricional.


Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF
Fonte: http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/action/2/cnt_id/2864/?print

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