quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Alguns medicamentos afectam a faculdade de condução de viaturas. Saiba quais são e como podem pôr em risco a sua segurança.


A condução automóvel requer que as faculdades do condutor estejam em perfeitas condições, devido aos inúmeros riscos e exigências associadas à circulação rodoviária. Poucos condutores sabem que os medicamentos, embora necessários para o bem estar das pessoas, podem, em algumas situações, prejudicar o seu desempenho físico e psíquico.

Quais os medicamentos que podem afectar a competência para a condução?

Vários medicamentos que actuam a nível do sistema nervoso como os antipsicóticos, ansiolíticos, hipnóticos, sedativos ou antidepressivos (e outros psicotrópicos), podem afectar a competência para a condução automóvel, prejudicando as capacidades de atenção e vigilância, o tempo de reacção, as capacidades perceptivas e cognitivas e o desempenho motor (muscular e de reflexos).

Tomei um medicamento de venda livre. Posso conduzir?

Os problemas não se circunscrevem à utilização de fármacos em doenças graves ou crónicas . Sobre estes os doentes estão mais controlados, informados e atentos às suas limitações. Medicamentos presumivelmente "inocentes", para episódios clínicos passageiros e/ou menos graves, que podem não necessitar de receita médica e que, por essa razão, não se associam à condução de viaturas, podem ser igualmente perigosos.

Vários dos medicamentos de venda livre, considerados geralmente inócuos, como analgésicos (para as dores), antitússicos, anti-histamínicos (alergias), antigripais, diuréticos ou pomadas e gotas oftalmológicas, muitas vezes automedicados, podem ter consequências afectando a segurança da condução. Os anti-histamínicos podem ter um impacto mais negativo na condução do que o álcool.

A automedicação é um factor de risco. Não tome medicamentos prescritos a outras pessoas. Mesmo que os sintomas sejam similares a doença pode ser outra. A posologia pode ser a mesma de outra pessoa e o seu organismo reagir de forma diferente

Que efeitos podem ter os medicamentos?

Euforia ou fadiga, agressividade ou passividade, tremuras, náuseas, entorpecimento, vertigens, sonolência, perda de reflexos, perturbações da visão, perda das capacidades cognitivas e perceptivas, de vigilância, de concentração, de previsão, de reacção e de avaliação podem ser alguns dos efeitos de medicamentos por alterarem as funções cerebrais de coordenação e respostas motoras que ficam comprometidas.

Quais são os sinais de que a minha competência para a condução pode estar afectada?

Sonolência, baixa de vigilância e aumento de tempo de reacção;
Perturbações da percepção, principalmente visual;
Vertigens, sensação de fraqueza, tonturas;
Dificuldades de concentração;
Perda da noção de perigo, excesso de autoconfiança, perturbações na capacidade de raciocínio;
Perturbações comportamentais, agressividade/passividade;
Tremuras, movimentos involuntários, dificuldade na coordenação motora;
Náuseas;
Condução irregular e dificuldade em manter a trajectória.
Que cuidados devo tomar?

Informe-se junto do médico ou farmacêutico dos efeitos secundários dos medicamentos.
Siga as instruções (posologia/tempo). Não ultrapasse a dose prescrita, nem reduza ou aumente o intervalo das tomas.
Leia atentamente o folheto, em particular as contra-indicações para a condução automóvel.
Deixe o seu organismo habituar-se ao medicamento antes de se propor conduzir e de auto-observar a sua reacção.
Ao menor sinal de mal-estar interrompa a condução, estacionando o veículo em local apropriado.
A ingestão de álcool e medicamentos pode ser um factor de risco acrescido?

A conjugação álcool + medicamentos + condução aumenta consideravelmente o risco de sofrer um acidente de viação. Combinados com o álcool, o efeito desfavorável de certos medicamentos sobre as capacidades perceptivas, de concentração e de reacção são multiplicados.

Os jovens ingerem cocktails de bebidas alcoólicas com medicamentos, como por exemplo sedativos, para obter efeitos semelhantes aos das drogas ilícitas. Conduzir sob o efeito desta mistura é extremamente perigoso. E o perigo aumenta quando a condução se faz durante a noite ou madrugada, juntando a fadiga aos efeitos do álcool e dos medicamentos.

Tenho uma doença crónica. Deverei tomar precauções adicionais?

Diabéticos - só devem conduzir se se sentirem realmente bem. É importante que conheçam os efeitos dos medicamentos que ingerem e que sigam as indicações do seu médico assistente.

Cardíacos - devem ter cuidado com os medicamentos para arritmias ou para baixar a pressão arterial.

Epilépticos - alguns medicamentos para a epilepsia podem provocar alterações que afectam a condução. Não devem conduzir sem ter tomado a medicação prescrita pelo seu médico assistente;

Pessoas com depressão nervosa - é importante ter presente os possíveis efeitos secundários dos antidepressivos e dormir o número de horas suficientes para não ter ou diminuir drasticamente a sonolência diurna.

Siga sempre as indicações do seu médico assistente.
Se não se sentir em condições de conduzir, não o faça.
A idade agrava os efeitos dos medicamentos?

O(s) efeito(s) do mesmo medicamento dependem da idade, em virtude das alterações fisiológicas que o processo natural de envelhecimento comporta. A eliminação dos produtos pode tornar-se mais lenta e as substâncias tendem a acumular-se mais facilmente no organismo, podendo ter, mesmo em doses pequenas, um efeito mais prolongado que o habitual.

Tomo vários medicamentos. A conjugação pode agravar o risco na condução?

As interacções podem reforçar os efeitos negativos. Quer se trate de medicamentos prescritos pelo médico, quer automedicados, informe-se das interacções e de uma eventual diminuição das capacidades necessárias à condução. Particular cuidado em caso de antitússicos, analgésicos, anti-histamínicos e calmantes, antidepressivos, medicamentos para dormir e similares. Os estimulantes, que também têm efeitos negativos para a condução, não eliminam a fadiga mas antes a sensação de cansaço, destruindo, assim, o "sistema de alarme" do organismo.

Para mais informações, consulte o site da Direcção-Geral da Saúde

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