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Porém, viver na esperança e na expectativa de que isso aconteça pode ser muito destrutivo. É essencial viver esse momento como uma verdadeira separação, a fim de que todo o sofrimento tenha algum sentido de ter existido e tenha deixado algum aprendizado e que algumas mudanças possam ocorrer. Se haviam brigas constantes, desentendimentos, tristeza, a separação não deveria ser vivida com uma sensação de alívio? E se em lugar do alívio, exista a angústia, opressão? Será que isso indica que houve um engano? Mesmo que a relação não estivesse sendo como gostaria, agora falta uma parte de si mesma que sentia como se existisse dentro de você e que foi embora, não há mais um ponto de referência que o outro proporcionava. Houve a quebra de vínculos profundos e, quanto mais longa foi a relação e mais intimamente os momentos eram partilhados, mais intensa parece ser a falta que faz. Mesmo quando havia sofrimento durante o relacionamento, infelizmente é muito difícil existir uma separação sem dor. Parece ser difícil passar desapercebido esse momento. Os sentimentos que antes eram possíveis de se disfarçar, agora parecem ficar mais expostos como nunca. A separação de fato machuca tanto que na escala das causas de estresse vem imediatamente após a morte de uma pessoa significativa. Tanto isso é verdade que quando esse vínculo é rompido, é necessário um trabalho interior que requer uma enorme quantidade de energia psíquica para recuperar o equilíbrio perdido, tanto que psiquicamente, passamos por um período de luto, da mesma forma de quando perdemos uma pessoa querida pela morte real.
Não imaginávamos que ficaríamos tão mal! Mas ficamos. Algumas pessoas olham fotos de momentos vividos juntos, lêem cartas, mensagens que foram trocadas. Outras, no entanto, rasgam tudo, querem se livrar de tudo aquilo que as façam lembrar do passado, afinal os objetos são terríveis testemunhas do que se deseja esquecer. O que é ideal? Guardar e rever tudo que foi conquistado junto ou se livrar de tudo o mais rápido possível? Faça o que te faça sofrer menos. É comum, nos dias seguidos da separação, rever fotos e tudo que possa lhe garantir que tudo aquilo existiu de fato, mas prolongar esse período pode trazer muito mais dor. A culpa também é outro sentimento que pode nos fazer querer voltar para refazer o que não fizemos. Algumas pessoas tendem a assumir toda a carga da responsabilidade para si devido a um sentimento de inferioridade, por não ter sido capaz de manter a relação. Outras tendem a agir ao contrário, não se responsabilizando por nada do que ocorreu. Nem sempre a busca por culpados é o melhor caminho. É melhor entender o que aconteceu, evitando apontar o dedo para quem quer que seja. Foram preciso duas pessoas para começar a relação e também para terminá-la. Por mais que um dos dois não quisesse que isso ocorresse. Mas não se deve deixar-se esmagar por condenações, com certeza cada um naquele momento fez o melhor que conseguiu fazer. Ter uma visão clara do que ocorreu não é uma conquista imediata e, para que as primeiras reações emotivas possam ser compreendidas, leva algum tempo. Não é possível determinar quanto tempo, pois cada pessoa reage de maneira diferente, principalmente devido ao seu histórico de vida. Pessoas que quando crianças viveram a experiência do abandono, com certeza encontrarão mais dificuldades para enfrentar esse momento, pois o abandono da infância irá se somar ao atual, podendo fazê-la reviver o último com muito mais intensidade e sofrimento. Por outro lado, aquelas que viveram uma infância com afeto, sem perdas, terão mais recursos para enfrentar a separação. Seja o que for que esteja sentindo nesse momento, saiba ser compreensiva consigo mesma como seria com alguém que lhe pedisse colo. Dê a si mesma carinho, atenção e ouça cada um de seus sentimentos, sem desprezá-los ou ignorá-los, para que aos poucos comece a reconstruir esses sentimentos que pensava nunca mais sentir. |
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