"Nem sempre a vida é um jogo com cartas boas. Às vezes temos de jogar também uma mão ruim".
(Robert Louis Stevenson)
Às vezes a vida é assim, uma calmaria. Há caminhadas na jornada da vida que são tão cristalinas como um lago à meia-noite, sem vento. Não há ruído, nem pressa, nem crises. Existem trechos em nossa música em que o maestro silencia o tambor e somente permite que o canto da flauta seja ouvido. E ela então soa. Sob a magia de sua música, os prazos não são tão críticos. A morte fica distante, as pessoas queridas continuam queridas e estão muito próximas. As nuvens escuras do medo, das dívidas e dos telefonemas raivosos já passaram. E por um instante, o mundo se torna o luar do lago
tranqüilo.
Está tudo muito calmo, porém há possibilidade de a calmaria virar um caos. "Dias horríveis", "parece que tudo deu errado..." Não importa o nome que você dê: parece que há dias que não valem a pena serem vividos. Não importa se é uma segunda-feira chuvosa, se levou um escorregão no banheiro ou se aconteceu uma tragédia que pode mudar totalmente o curso de sua vida acabando com todas as esperanças e partindo seu coração. Normalmente surgem três perguntas nessas ocasiões:
- Por quê, Deus, por quê?
- Quando, Deus, quando?
- Vou sobreviver, Deus, vou?
E você fica pensando: Por que? Por que eu? Por que agora? Por que isso? Por que, Deus, por quê? Se você está fazendo estas perguntas, lembre-se de que não está sozinho. Elas são tão antigas quanto a própria humanidade. Somente suas crenças sobre a vida determinarão o modo como você vai reagir às crises e ao momentâneo sofrimento.
Em si, o sofrimento não é um mal que tenha de ser evitado a todo custo, mas um mestre com o qual podemos aprender muito. O sofrimento nos instrui, dizendo para mudar, parar de fazer uma coisa ou começar a fazer outra, parar de pensar de um jeito e começar a pensar de outro.
Quando nos recusamos a ouvir o sofrimento, ele diminui e tudo quanto nos resta é nos transformar em escapistas. Na verdade, estamos dizendo:"Não vou ouvir. Não vou aprender. Não vou mudar."
Pessoas abertas que crescem não têm má vontade com a pedagogia do sofrimento e estão sempre dispostas a mudar. Dão início à respostas e ajustes adequados. Outras, por razões desconhecidas, simplesmente não absorvem as lições do caos. Preferem uma existência narcotizada e tranquilizante, uma calmaria sem ganhos. Estão dispostos a realizar apenas 10% de seu potencial, infelizmente.
Nicolo Paganini foi um violinista muito conhecido e talentoso do século 19. Seu concerto mais memorável, contudo, foi marcado por "movimentos frenéticos" e não foi por sucesso fácil. O concerto foi executado na Itália por uma orquestra completa, perante uma casa lotada.
Aqueles que o ouviram tocar dizem que a técnica de Paganini foi incrível e sua modulação fantástica. Perto do final do concerto, Paganini estava emocionando a platéia com uma composição muito difícil, quando uma corda de seu violino arrebentou e ficou pendurada, presa só por uma das pontas. Paganini franziu as sobrancelhas por um instante, balançou a cabeça e continuou a tocar, fazendo um maravilhoso improviso.
De repente, para surpresa de todos, inclusive de Paganini, uma segunda corda arrebentou e, logo a seguir, uma terceira. A apresentação parecia ter se transformado em uma comédia. Diante de uma platéia boquiaberta, Paganini segurava seu violino Stradivarius com as cordas penduradas. Ao invés de abandonar o palco para consertar o instrumento ele permaneceu firme. Completou calmamente a difícil composição com a única corda restante - uma apresentação que ganhou aplausos, admiração e fama permanente.
Os grandes se recusam a ser vitimados pelas circunstâncias. Ao contrário, usam os eventos traumatizantes como trampolim para uma atitude útil e criativa em relação à vida. Lembre-se: o melhor que você tem a oferecer pode ser uma apresentação sob circunstâncias difíceis e inusitadas!
O segredo do sucesso deve ser igual a um pato - sereno e tranqüilo na superfície, mas movimentando-se freneticamente por baixo da água.
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Há 4 anos
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