terça-feira, 6 de novembro de 2007

Raiz dos transtornos alimentares

A anorexia, ou dieta de fome compulsiva e a bulimia, padrão
de comer compulsivamente para depois vomitar ou usar laxantes,
são doenças pouco compreendidas
e aceitas pela maior parte das pessoas que sofrem desses males
e, principalmente, para aqueles que convivem com elas, pois trazem muita angústia, ansiedade e sofrimento para todos


A pessoa que sofre de alguns desses transtornos provavelmente se sente mal consigo mesma, ficando excessivamente preocupada com as questões alimentares, com peso, tamanho, silhueta, que praticamente não pensam em mais nada. Quando procura ajuda, o que muitas vezes demora para acontecer, é desestimulada por outras pessoas que não entendem e cobram por que não pára com esse comportamento. Entretanto, é esse exatamente o problema: a própria pessoa não consegue entender o por quê não muda seus hábitos e não consegue parar. Afinal, qual será o motivo?


Geralmente as raízes de um desses transtornos alimentares estão na história familiar e na experiência emocional pessoal de quem sofre um desses transtornos. É preciso entender por que uma pessoa tem a necessidade, quase sempre inconsciente, de ter comportamentos tão destrutivos, apesar de muitas vezes esconder de si própria o que está fazendo a si mesma. Parece que está sempre buscando um objetivo que nunca alcança, gerando mais e mais frustração. Talvez a anorexia ou a bulimia a proteja contra, ou a torne capaz de enfrentar, seja o que for que está procurando.

Pode ser que a doença tenha sido provocada não tanto por um evento isolado, mas sim pela continuação de uma situação que não conseguiu resolver em alguma época de sua vida.

“É possível que ao explorar sua história de vida encontre as respostas que busca. Para isso é preciso admitir que existe um problema e que deseja sinceramente se curar.”
É como se o transtorno tenha sido usado como uma maneira de lidar com sentimentos que surgiram em situações que achou difícil enfrentar. Essas situações podem ser: a morte de um dos pais, doença, mental ou física de um dos pais, a morte de um irmão ou irmã, a morte de um dos avós, separação dos pais, abuso sexual, estupro, saída de casa, fim de um relacionamento, perda de um amigo significativo, exames, maus-tratos. Podem existir outras situações, porém essas são as mais comuns.


A origem desses transtornos pode começar ainda muito cedo. Por motivos diferentes muitas famílias não permitem que as crianças expressem seus sentimentos abertamente, em especial, se são negativos ou difíceis, como a raiva, irritação, crítica, frustração, decepção, morte. Algumas famílias possuem regras severas para controlar quais sentimentos podem ser expressos pela criança e quais são permitidos.

Em geral, são famílias muito rígidas nos padrões de comportamento exigidos pela criança. Qualquer expressão do que sentiam seriam punidas e deviam estar sempre sorrindo. As cobranças quanto ao desempenho escolar são elevadas podendo ser muito cobradas e criticadas, sem nenhum apoio para expressar qualquer sentimento. Algumas crianças não podiam expressar raiva uma com a outra na presença de nenhum dos pais.

Podiam até fazer isso se estivessem sós, mas apenas na condição de que nenhum dos pais ficasse sabendo. Quase sempre, são pais que estão reproduzindo papéis que eles próprios aprenderam com seus pais. Como se fosse proibida toda expressão de sentimentos, pois eles próprios não sabiam como lidar, sendo mais fácil, apesar de não mais saudável, fazer com que reprimissem o que sentiam. Sendo assim, as crianças têm de lidar com seus sentimentos por conta própria.

Pode ser ainda que algumas famílias não conseguiam ou não sabiam dar atenção suficiente às necessidades da criança por se sentirem sobrecarregados pelos próprios problemas e como resultado a criança aprende que deve se virar da melhor maneira possível. Outro problema que poderá enfrentar quando a criança foi criada em um ambiente onde seus sentimentos não podiam ser expressos é que não aprenderá a identificar os sentimentos, pois como não podia falar sobre eles, começa a sentir que não deveria tê-los. O resultado pode ser se sentir má por ter as necessidades e os sentimentos que tem, desenvolvendo uma baixa auto-estima quando adulta. É como se seus pais quisessem que ela fosse algo que não é e não pode ser.

Diante de tudo isso, o mais indicado é buscar ajuda profissional e enfrentar tudo que foi negado sentir em alguma época de sua vida, ainda que isso doa muito. É possível que ao explorar sua história de vida encontre as respostas que busca. Para isso é preciso admitir que existe um problema e que deseja sinceramente se curar. Você pode começar se perguntando: “por que estou fazendo algo que nem tenho coragem de admitir e que está me destruindo?”

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