quarta-feira, 4 de junho de 2008

Fazendo diferença


“Bom não é ser importante.
O importante é ser bom.”

Roque Schneider



Quero começar este texto, pedindo a você que responda a um questionário. Não é necessário papel e caneta. Faça isso de cabeça. Este mini-teste está dividido em duas partes. Este é o primeiro conjunto de perguntas:

1. Cite as cinco pessoas mais ricas do mundo hoje.
2. Cite os últimos vencedores da corrida de São Silvestre.
3. Cite as vencedoras do Concurso de Miss Brasil nos últimos cinco anos. Muito difícil? Está bem. Então fale o nome da última vencedora.
4. Cite dez pessoas que ganharam o Prêmio Nobel ou Pulitzer. (Está bem, mencione apenas cinco! Ou três!)



5. Cite os seis últimos vencedores do Oscar de melhor ator ou atriz.
6. Cite os vencedores, na última década, das Copas do mundo de futebol. Ou, se for muito difícil, dê o nome dos melhores jogadores dos cinco últimos jogos da Copa.

“Não ligue para as barreiras tolas levantadas pela sociedade ou pela própria pessoa. Avance confiante e faça diferença”

Você provavelmente não saberia citar nem três nomes de cada uma dessas categorias, muito menos de todos esses indivíduos. Por quê? Apesar do sucesso na ocasião e das realizações significativas bem recompensadas, os prêmios famosos se vão, e a lembrança de quem os recebeu desaparece rapidamente. Vamos tentar, agora, a segunda parte do questionário:

1. Cite dois professores que fizeram diferença em sua vida.
2. Cite três amigos que estiveram ao seu lado durante um período difícil.
3. Cite uma ou duas pessoas que acreditaram em você e que pensam em você como alguém de valor.
4. Cite cinco pessoas com quem gostaria de passar um final de semana só por ser divertido estar com elas e a quem admira muito.
5. Cite três ou quatro heróis, vivos ou mortos, cujas vidas inspiraram e encorajaram você.

Como foi dessa vez? Aposto que tirou "A". Na verdade, se houvesse tempo suficiente, você poderia ter citado mais nomes para cada pergunta. Por quê? Porque as pessoas que fazem diferença na vida não são aquelas com as credenciais mais impressionantes, nem as que possuem maiores portfólios. Não são sequer indivíduos que ganharam mais prêmios, nem aqueles cujos rostos aparecem nas capas de
revistas.

Essas pessoas causam pouco impacto em nossas vidas. É por isso que esquecemos os seus nomes. As que fazem verdadeira diferença são aquelas que se aproximaram de nós. Tornaram-se amigos queridos e, em alguns casos, nossos heróis. É interessante que, quando se trata de heróis genuínos, a aparência exterior nada significa. O QI deles ou o desempenho que tiveram na escola não faz diferença alguma para nós. Nada disso importa.

O que vale são as qualidades notáveis que os tornaram memoráveis. Permita-me fazer mais algumas perguntas. Sei que estou ficando bastante pessoal. Quando tiver saído desta cena terrena, como as pessoas se lembrarão de você? Que qualidade de caráter perdurará na memória deles, levando-as dizer que a sua vida foi importante? Por que desejariam parar diante do seu nome gravado em granito? Algumas histórias são tão boas que vale a pena repeti-las. Esta eu li no livro de Earl Nightingle, “Percepção - The way up”. Trata-se da história de um jovem que decidiu fazer diferença, e aí descobriu que um único ato de bondade transformou sua vida inteira.

“Numa noite tempestuosa há muitos anos atrás, um senhor idoso e sua esposa entraram no saguão de um pequeno hotel em Filadélfia. O homem levou a esposa até uma poltrona e depois dirigiu-se à recepção.

– Todos os grandes hotéis da cidade estão cheios. Por favor, vocês teriam um lugar para nós?
O funcionário explicou que, como se realizavam três convenções na cidade, não havia nenhum quarto disponível em nenhum lugar.
- Todos os nossos quartos também estão cheios, disse ele. Todavia, não posso deixar um casal simpático como vocês sair na chuva a uma da manhã. Estariam dispostos a dormir no meu quarto?
O homem replicou que não gostaria de privá-lo de seu quarto, mas o recepcionista insistiu:
– Não se preocupe, eu me arranjo.
Na manhã seguinte, ao pagar a conta, o velho disse ao rapaz:
– Você é o tipo de pessoa que deveria gerenciar o melhor hotel do país. Talvez um dia construa um para você.

O rapaz olhou para o casal e sorriu. Os três acabaram rindo e muito. A seguir ele os ajudou a levar as malas até a rua. Dois anos se passaram, e o recepcionista já se esquecera do incidente, quando recebeu uma carta daquele senhor. Nela ele relembrava a noite de tempestade e incluía uma passagem de ida e volta a Nova Iorque.
Quando o moço chegou a Nova Iorque, o homem levou-o à esquina da Quinta Avenida com a rua Trinta e Quatro e apontou para um enorme prédio, um verdadeiro palácio de pedras avermelhadas com torres e vigias, como um castelo de fadas elevando-se até o céu.
“Quer aqueles a quem ajudemos sejam pobres, ricos, de classe média, negros, brancos, amarelos ou pardos, tudo o que se espera de nós é que lhes estendamos uma palavra, um gesto de amizade.”

Fênix 212
– Esse, disse o homem, é o hotel que acabei de construir para você tomar conta.
– O senhor deve estar brincando, falou o jovem, sem saber se devia ou não acreditar nas palavras do outro.
– Não estou brincando não, respondeu o outro com um sorriso travesso.
– Afinal de contas quem é o Senhor?
- Meu nome é William Waldorf Astor. Estamos dando ao hotel o nome de Waldorf Astoria e você vai ser seu primeiro gerente. O nome do rapaz era George C. Boldt, e essa é a história de como ele saiu de um pequeno e medíocre hotel em Filadélfia para tornar-se gerente do que era então um dos hotéis mais finos do mundo.”

Astor sabia que a bondade demonstrada por Boldt fora espontânea, sem pensar em tirar qualquer proveito dela, e por isso teve início uma amizade que superou todas as barreiras de status social e financeiro.

O recepcionista – que certamente recebia apenas um modesto ordenado – decidiu ajudar um estranho por perceber a sua real necessidade. Mal sabia ele que estava cedendo seu quarto a um dos homens mais ricos daquele país. Ele poderia muito bem ser apenas mais um homem de negócios, à procura de um quarto naquela noite tempestuosa e fria. Por outro lado, aquela semente de amizade, uma vez plantada, germinou para o recepcionista na forma de um cargo muito superior e de maior prosperidade financeira.

Narrei essa história aqui por uma única razão. Quer aqueles a quem ajudemos sejam pobres, ricos, de classe média, negros, brancos, amarelos ou pardos, tudo o que se espera de nós é que lhes estendamos uma palavra, um gesto de amizade. Se o fizermos com o fito de obter lucro, já teremos recebido a nossa recompensa e tudo termina aí. Mas, se nos mostrarmos generosamente solícitos, e compadecidos daqueles que nos rodeiam, seremos abençoados para sempre. Não ligue para as barreiras tolas levantadas pela sociedade ou pela própria pessoa. Avance confiante e faça diferença.

“O coração do homem é como um moinho que trabalha sem parar. Se não há nada para moer, corre o risco de triturar a si mesmo.”

Martin Lutero



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