O funcionamento satisfatório do sistema gástrico pode auxiliar no processo de emagrecimento. Descubra, com especialistas da área, por quê
Antes de “culpar” qualquer problema de digestão por seus quilos a mais, é bom conhecer um pouco o funcionamento do aparelho digestivo ou, como agora é chamado oficialmente pelos médicos, do sistema digestório. Ele é constituído por um tubo muito longo, que vai da boca ao ânus. E a comida percorre esse grande caminho, sofrendo várias interferências. Entre elas estão fenômenos físicos (como a mastigação dos alimentos e a mistura e o processamento do bolo alimentar no estômago e nos intestinos) e químicos (atuação da
saliva e sucos: gástrico, pancreático, bile).
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“A digestão começa na boca, continua no estômago e segue pelo intestino. Quando esse processo termina, ocorre um outro fenômeno chamado de absorção – não do alimento em si, mas das substâncias elementares contidas nele. Isso quer dizer: não absorvemos a carne e sim as proteínas; não a gordura, mas os ácidos graxos. Em meio a todo esse movimentado processo, pode até ocorrer algum problema, mas não será isso que fará a pessoa engordar”, explica o gastroenterologista Eduardo Berger, responsável pelo Serviço de Gastroenterologia Clínica e Cirúrgica do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos, de São Paulo. “Ter intestino preso, por exemplo, não leva ninguém a ganhar peso.
O que acontece simplesmente é que o indivíduo engorda porque come errado e em quantidades exageradas. O bom funcionamento do sistema digestório contribui para ter a boa forma sim, mas indiretamente, e para manter a saúde de maneira geral”, acrescenta o especialista. Cada vez mais deve haver uma “comunicação” entre o endocrinologista e o gastroenterologista no caso de tratamento de pessoas que queiram perder peso.
“A dieta prescrita para meus pacientes com perturbações da digestão, ‘por tabela’, é boa para o emagrecimento. Afinal, trata-se de um cardápio bastante saudável, onde gordura e açúcar (fontes calóricas principais) sofrem restrições”, diz Eduardo Berger. Segundo o médico, essa dieta visa a reduzir a fermentação no intestino (e conseqüentemente a formação de gases) e adequar o hábito intestinal. “E, quando os gases diminuem, reduz-se o volume abdominal – a barriga ‘murcha’ –,” afirma. Mas é importante lembrar que não se trata de uma “receita universal”, daí a necessidade de se consultar um especialista.
Fracione a dieta e viva melhor
Mas, além de uma dieta saudável, o que mais pode ser feito para manter o sistema digestório funcionando bem? “A principal dica é evitar longos períodos de jejum, fracionando a dieta. Só para você entender: quando o bebê nasce, ele chora de três em três horas com fome, quer mamar. É a natureza do ser humano.
Devemos manter esse ritmo, comendo pequenas porções de três em três horas”, diz o médico.
Outra medida a ser tomada é tentar controlar o estresse, que faz você comer rápido demais e, na maioria, das vezes inadequadamente. Veja se a situação não é comum: ocupadíssima e preocupada, você atrasa sua refeição, ficando horas sem ingerir nada, e, como está com pressa, acaba comendo qualquer coisa. “São três punhaladas contra sua saúde: houve um prolongamento do jejum, a pessoa come algo não tão saudável e ainda sob tensão. É necessário aprender a esfriar a cabeça e encontrar um tempo adequado para realizar as refeições com tranqüilidade”, aconselha o gastroenterologista.
Um cardápio saudável e fracionado serve para reduzir problemas digestivos e mantém o corpo em forma Comidas pesadas, com muita gordura e açúcar, retardam a digestão e acentuam a produção do suco gástrico. Isso pode provocar gastrite e algumas outras doenças.
A azia e a má digestão insistem em perturbar sua vida? E o famoso antiácido, vira e mexe, entra em cena? Os especialistas recomendam cautela: se for um incômodo esporádico – você abusou um pouquinho na festa –, ok, pode apelar para o remédio. “Quando a coisa é recorrente, ou seja, se os sintomas se manifestam mais de duas vezes por semana, deve-se procurar um médico. Ele será capaz de propor um tratamento de acordo com o diagnóstico”, diz Eduardo Berger.
Quanto aos chás, como os de boldo e carqueja, até podem auxiliar em algumas situações, sim. Só que, mais uma vez, é essencial frisar que não vão resolver tudo e em alguns momentos até agravam o quadro – a cáscara-sagrada, usada combater problemas de constipação, por exemplo, pode levar à diarréia. Portanto, recorra a eles com critério e nunca dispense a indicação de um especialista.
O que comer e evitar
Observando a individualidade do paciente, e sempre com bom senso e moderação, até aquela pimentinha pode entrar no cardápio de quem tem qualquer dificuldade gástrica e também quer manter a forma. Mas, em geral, o ideal é basear o menu na pirâmide alimentar. Os principais objetivos dessa “tabela” são obter o consumo variado de alimentos, a ingestão menor de gorduras saturadas e colesterol, o maior consumo de frutas, verduras, legumes e grãos, além da ingestão moderada de açúcar, sal e bebidas alcoólicas.
Atualmente se utiliza como guia alimentar para a população brasileira uma pirâmide adaptada, recomendada pelos órgãos de saúde nacionais. Porém, também se fala agora da “pirâmide funcional”, uma nova proposta de Walter C. Willett, chefe do Departamento de Nutrição da Harvard Medical School and Public Health Boston, nos Estados Unidos.
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Há 4 anos
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