Os primeiros sintomas do infarto apareceram durante uma reunião de negócios com mais de cem funcionários. Aos 42 anos, Carmem Ferreira Romain sentia fortes dores nas costas e uma azia inacreditável. Bem-sucedida profissionalmente, saudável e esportista, ela jamais imaginou a possibilidade de ter um infarto durante uma reunião.
E nem sonhava com a colocação de duas pontes de safena e uma mamária para restabelecer a circulação cardíaca. "Só sobrevivi porque tinha um bom condicionamento físico e uma boa resistência", avalia Carmem.
Muitas vezes nos deparamos com ocorrências de infarto do miocárdio em pessoas que aparentemente não faziam parte dos grupos de risco, ou seja, eram aparentemente saudáveis, não-fumantes, sem problemas com hipertensão, colesterol elevado e diabetes, e sem histórico familiar de doenças do coração.
O acontecimento é menos raro do que parece. Dados do Instituto do Coração mostram que cerca de 40% dos pacientes de doenças coronarianas não apresentam os chamados fatores clássicos de risco.
“O diagnóstico do infarto é realizado através dos exames eletrocardiograma, hemograma e dosagem, no sangue, de enzimas resultantes da destruição de células cardíacas”
Para explicar como o infarto miocárdio acontece, imagine uma bomba (o coração) em constante funcionamento, enviando sangue para todo o corpo, se contraindo e relaxando mais de 100 mil vezes por dia. “Para que a bomba não perca a potência, é indispensável um bom suprimento de ‘combustível’, o sangue com oxigênio e nutrientes transportado pelas coronárias, artérias que irrigam o coração”, diz o Presidente do Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Theo Bub.
Segundo o especialista, mesmo que o coração esteja saudável, uma obstrução no trajeto, dependendo do tamanho, pode fazê-lo diminuir o ritmo de bombeamento do sangue, provocando desde angina (dor no peito) até a morte súbita.
Depois do infarto, Carmem trocou a vida agitada por um cotidiano mais calmo, com tempo reservado para os três filhos, a leitura e o descanso. "Aprendi a ouvir meu corpo e mudei minha mente", diz a empresária.
O coração dela parou sete minutos. “Eu só pensava no que me ligava à vida, como os meus filhos. Percebi que sou mortal e, por isso, valorizo as coisas que me dão prazer", conta Carmem.
O risco de ter um ataque cardíaco, tanto pode ser para homens, como para mulheres. “O número de mulheres com doenças das coronárias tem aumentado muito nos últimos anos”, afirma o médico.
Sintomas
O maior sintoma de um infarto é a dor. “A sensação é de ‘aperto’ localizada no peito, à altura do coração. Essa dor é tão intensa que provoca suores frios, náuseas, vômitos e vertigens, ela costuma se irradiar para os ombros e braços [geralmente o esquerdo], para a mandíbula, as costas, e a projeção do estômago no abdômen. Estes são os sintomas clássicos”, esclarece Theo.
Mas o ataque cardíaco é mais devastador em mulheres porque os sintomas não são intensos como nos homens e elas não dão muita atenção às alterações indicativas de problemas cardíacos. "No homem, acontece dor intensa no peito, com radiação para braços e mandíbula. Na mulher, é apenas um desconforto, geralmente no dorso", observou.
O médico destacou ainda que, embora a mulher seja protegida pelo estrogênio, a partir dos 45 anos a incidência de problemas cardíacos aumenta e depois dos 60 anos se iguala aos homens. Por isso, a associação de cigarro e pílula anticoncepcional deve ser evitada a todo custo. “É uma combinação maligna”, descreveu.
O diagnóstico do infarto é realizado através dos exames eletrocardiograma, hemograma e dosagem, no sangue, de enzimas resultantes da destruição de células cardíacas.
O tratamento deve ser feito em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para prevenir complicações como as arritmias, a insuficiência cardíaca e para dissolver, por um processo chamado trambólise, possíveis trombos que se formem no local da obstrução.
Como evitar?
Ninguém está imune a ter uma crise, mas há formas de evitar o ataque para não ser a próxima vítima. Segundo o médico, evitar levar uma vida sedentária é muito importante.
“A prática de atividades físicas é fundamental. As pessoas obesas devem receber acompanhamento médico. A hipertensão arterial e diabetes devem estar sempre controladas. Deixar de fumar e beber diariamente também é aconselhável”, afirma o médico.
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Há 4 anos
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