quarta-feira, 10 de outubro de 2007

A culpa de todos nós

“A verdade sai do erro. Por isso nunca tive medo de errar, nem dele me arrependi seriamente.”
Jung



Essa frase do Jung nos faz
refletir sobre muitas coisas.
Quase sempre chegamos na verdade quando erramos. É
isso mesmo! Mas, quantos
erros precisamos cometer
até chegarmos na verdade?
Isso não importa, o
que deve importar mesmo
é a experiência adquirida
e o crescimento obtido.




“Com a culpa sempre vem a necessidade, ainda que inconsciente, de autopunição”

Mas, nem sempre temos essa consciência e, na maior parte do tempo, os erros cometidos são transformados em culpas. Alguns passam a vida errando, se culpando. Outros sendo vítimas dos erros dos outros, e culpando-os.

Outros não fazem nada ou em tudo que fazem, são culpados. E outros ainda, para justificarem seus próprios erros, nos culpam.
Que loucura, não?

Culpa é o sentimento de ser indigno, mau, ruim, carrega remorsos e censuras. A culpa é o resultado de muita raiva guardada que se volta contra nós mesmos. Poderíamos resumir assim:

Raiva + mágoas reprimidas = culpa = autopunição

Esse sentimento que corrói nossa alma e que muitas vezes nos impede de sermos nós mesmos tem muitas variáveis que dificulta esgotar o assunto. Mas podemos refletir sobre alguns aspectos que nos proporcione uma maior compreensão dos motivos desse sentimento que nos faz sofrer tanto.

Características de quem sente culpa:

- Preocupação excessiva com a opinião dos outros;
- Sente-se mal quando recebe algo, pois na verdade não se considera digno de aceitar o que os outros dão;
- Fala repetidamente sobre o que motivou a sentir culpa;
- Raiva reprimida;
- Dificuldade em assumir responsabilidade pelos próprios atos;
- Sente-se rejeitado;
- Busca responsáveis pelo próprio sofrimento;
- Sente-se vítima em algumas, ou muitas, situações;
- Geralmente se pune ficando doente, ou sendo vítima freqüente
de acidentes;
- Dificuldade em expressar os reais sentimentos;
- Não consegue falar “não”;
- Necessidade em agradar;
- Sempre fazendo algo pelos outros e raramente para si mesmo;
- Dificuldade em fazer algo só para si;
- Não consegue administrar o tempo, pois está sempre sobrecarregado;
- Baixa auto-estima;
- Falta de amor-próprio.

Você pode se identificar com essas características ou ter outras. O importante é reconhecer que a culpa traz muitas conseqüências em nosso modo de ser e agir. Perceba como se sente, elevando, assim, seu autoconhecimento para mudar o que te faz sofrer.

A culpa pode ser gerada por:

- Religião;
- Injustiça;
- Morte;
- Manipulação;
- Crítica;
- Acusações;
- Repressão;
- Rigidez;
- Inflexibilidade;
- Julgamento;
- Controle;
- Dependência;
- Superproteção;
- Raiva contida;
- Medo;
- Rejeição;
- Abandono;
- Mentira;
- Prazer;
- Expectativa;
- Comparações;
- Necessidade de agradar;
- Próprio nascimento;
- Comodismo/ falta de atitude;
- Preconceito;
- Segredos, principalmente entre os familiares.

Aqui estão algumas causas do sentimento de culpa. A origem de
sua culpa pode ser outra. Ou várias. Procure ter a consciência
exata da origem do seu sentimento de culpa. Explore um pouco
mais sobre o que gerou em você a culpa. Comece perguntando-se:
o que me faz sentir culpa? Faça uma lista de todas as culpas que você sente, por maior que possa ser a lista, faça!

Isso o ajudará a compreender melhor seus sentimentos e conflitos gerados pela culpa. Analise as situações em que aconteceram os fatos e se você efetivamente tinha condições de agir diferente de como agiu. Depois continue sua análise. Onde, quando e por que começou cada uma delas?

Quais são as situações que me sinto culpado pelo que fiz ou deixei
de fazer? Quais eram meus valores em relação ao assunto quando agi daquela forma? Se fosse hoje minha atitude seria diferente? Como? Quem fazia ou faz com que eu me culpe? Busque a relação da culpa atual com seu histórico de vida.

O objetivo desse exercício não é buscar mais culpados, mas
explorar os motivos pelos quais ainda se culpa e se responsabilizar por seus atos e mudar o que pode ainda ser mudado, libertando-se desse sentimento que aprisiona e impede o crescimento.

Conseqüências da culpa:

- medo
- sofrimento
- autopunição
- remorso
- estagnação
- doença – segundo alguns estudos, a culpa está presente em praticamente a maioria das pessoas portadoras de câncer
- tristeza/depressão
- submissão
- prisão emocional
- solidão
- dificuldade em impor limites, dizer não;
- fuga através do álcool, drogas
- compulsão alimentar
- conflitos internos e nas relações
- dificuldade em sentir prazer
- destruição da auto-estima e amor-próprio

Como podemos perceber as conseqüências das culpas são muitas. Isso ocorre porque com a culpa sempre vem a necessidade, ainda que inconsciente, de autopunição. É certo que a culpa pode representar um sinal que algumas pessoas precisam para alertá-las que estão ultrapassando o limite da falta de respeito pelo outro, ou
a indicação que é preciso mudar algum padrão de comportamento que, do contrário, poderá continuar machucando aqueles que lhes são mais caros.

Mas, da mesma forma, o mais indicado sempre é responsabilizar-se e não se culpar. A culpa faz com que permanecemos no papel de vítimas e esse traz apenas estagnação e repetição de padrão, não proporcionando mudança muito menos crescimento, enquanto a responsabilidade faz com que acreditemos ser capaz de mudar o
que quisermos.

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